AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 6 de maio de 2022

DOS PROFESSORES

 Foram divulgadas as listas para os concursos externos dos quadros de professores que se realizam no meio da anunciada tempestade da falta de docentes. Para 3259 vagas contabilizam-se cerca de 55 000 candidaturas sendo que existem dezenas de professores contratados com mais de 62 anos que ainda concorrem a um lugar de quadro. Este é um dos indicadores que traduzem as políticas que sucessivas equipas ministeriais desenvolveram  e que têm contribuído para a crítica falta de professores. A tão "vendida" narrativa dos professores a mais traduz-se nos resultados que estão à vista.

Verifica-se o abaixamento do número de inscrições nos cursos que habilitam para o ensino, os níveis de (in)satisfação com a carreira, de stresse, de desmotivação, de arrependimento pela escolha da profissão, etc.

Acresce o também muito conhecido envelhecimento da classe que justificará o agravamento a curto prazo da já significativa falta de professores com a entrada na reforma de alguns milhares e insuficiência dos inscritos nos cursos de formação para a sua substituição.

A questão, é preciso insistir, é que nada disto é novo. Sucessivos estudos nacionais e internacionais têm de há vários anos referido estas matérias e a mudança mais substantiva é o agravamento da situação com o passar do tempo. Curiosamente registam-se demasiadas intervenções sobre eventuais soluções de muitos actores com responsabilidade na situação actual.

Como já referi, são conhecidos os problemas e sabemos que não é responder de forma imediata à falta actual e futura de professores, teria sido mais fácil não negar a realidade e tomar decisões proactivas.

Em todo o caso, também sabemos que continua a ser necessário, entre outros aspectos, proceder à integração de milhares de professores contratados e já com anos de experiência, a necessidade de adequar a carreira e os requisitos de entrada na carreira, o modelo de progressão e avaliação, o ajustamento e valorização do estatuto salarial dos docentes, a promoção da sua valorização profissional e social ou a desburocratização do trabalho dos professores.

Finalmente, importa sublinhar que também sabemos que os sistemas educativos com melhor desempenho são também os sistemas em que os professores são mais valorizados, reconhecidos e apoiados.

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