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quinta-feira, 19 de maio de 2022

AS CAUSAS DA FALTA DE PROFESSORES. A SÉRIO?

 No contexto grave que atravessamos com a falta de docentes levando a que, nesta altura do ano lectivo ainda tenhamos alunos sem professor a algumas disciplinas, a realização do Seminário, “Faltam Professores! E Agora?”, organizado pelo Conselho Nacional de Educação suscitou múltiplas referências na imprensa.

Ainda me consigo surpreender neste universo que julgo conhecer melhor. Na abordagem ao que serão as causas ou motivos da falta de docentes e em linha com o que habitualmente se vai ouvindo e lendo, afirma-se que uma das causas será o envelhecimento e consequente aposentação de um número muito significativo de professores, outra será a baixa atractividade da profissão e encontram-se ainda referências ao abandono da profissão também por um número elevado de docentes.

Estas afirmações são produzidas por gente com responsabilidades em matéria de educação ao longo de diferentes períodos, bem como por actores de há muito presentes no mundo da educação.

A sério?!

O envelhecimento é uma causa da falta de professores? Não, o envelhecimento é um processo natural que nos toca a todos. A causa é a incompetência de decisões em matéria de políticas públicas de educação quando há muitos anos se conhecem estudos sobre a demografia dos professores e se sabia … que os anos passam e chega a idade da reforma. As causas remetem para a irresponsabilidade da narrativa dos “professores a mais”, do “convite à emigração”, da condução de políticas que inibem a óbvia necessidade de renovação de qualquer grupo profissional.

Fala-se da baixa atractividade da carreira como causa. Como? A carreira de professor deixou de ser atractiva, mais uma vez, em consequência da gestão incompetente que sucessivas equipas ministeriais fizeram desta matéria. Maria de Lourdes Rodrigues ou Nuno Crato foram bons exemplos desta incompetência com resultados desastrosos em matéria de carreira docente. Aliás, há pouco tempo Maria de Lourdes Rodrigues a propósito desta matéria afirmou despudoradamente, “Não sei como chegámos aqui assim. Não sei e não quero saber.” Mas nós sabemos as consequências na desvalorização dos professores, na definição de modelos de carreira inadequados (incluindo o estatuto salarial), de modelos de avaliação injustos e incompetentes.

É isto e o que aqui não refiro que tem tornado a profissão menos atractiva. Existem responsáveis.

A terceira nota relativa ao abandono da profissão, seja por mudança profissional, seja pela aposentação precoce com perdas, mais uma vez  esta situação é também uma consequência do que referi no ponto anterior e não uma das causa da falta de professores.

O que é que não se percebe?

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