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sexta-feira, 11 de março de 2022

PISA 2022, ALGUMAS DÚVIDAS

 Entre 2 de Março e 22 de Abril está a realizar-se a edição de 2022 dos testes envolvidos no Programme for International Students Assessment (PISA) promovido pela OCDE.

Este ano realizam as provas cerca de 12000 de 231 escolas o que é bem superior ao número de alunos que participaram na edição de 2018.

Este ano a avaliação é particularmente centrada na literacia matemática embora também integre os domínios da leitura e das ciências.

Sou dos que considera importante a realização de estudos desta natureza que possibilitam alguma forma de avaliação externa, comparação entre sistemas educativos e análises de evolução. No entanto, também entendo que os indicadores recolhidos, assim como não devem ser desvalorizados, não devem ser sobrevalorizados.

Quando dei conta de que estava a decorrer a avaliação deste ano surgiram-me algumas dúvidas.

Como se realiza de três em três anos os alunos que este ano respondem passaram por dois anos de enorme sobressalto nas suas aprendizagens. (Não se realizou em 2021 devido à pandemia)

Sei que a OCDE entende, tal como se lê no Público que estas provas “não avaliam a memorização nem a reprodução do que é aprendido na escola, mas sim a capacidade que os alunos têm de aplicar e relacionar conhecimentos e competências em contextos do quotidiano.” Mas também sei que os “conhecimentos e competências” que os alunos devem mobilizar são construídos com um peso muito forte da sua vivência escolar e dos seus trajectos de aprendizagem e que os dois últimos anos foram particularmente complicados.

Aliás, por estas razões, os alunos do 9º ano realizarão exames nacionais que não contam para a sua nota final porque os dois últimos anos lectivos foram atípicos e com impacto nas aprendizagens. Com esta decisão desvaloriza-se os exames e compromete-se, como há pouco aqui escrevi, a avaliação externa, ferramenta reguladora imprescindível.

Neste contexto, temo que os resultados no PISA possam reflectir os constrangimentos dos últimos dois anos lectivos e comprometer a comparação com anos anteriores.

No que respeita a comparações entre países, sendo certo que a generalidade dos alunos dos diferentes países envolvidos nestas provas foi de alguma forma afectada pelo impacto da pandemia, também é verdade que se verificou uma enorme diversidade nas medidas tomadas, confinamentos ou recursos disponíveis para apoios em termos digitais, por exemplo, nos diferentes sistemas educativos.

Neste contexto aguardo com alguma expectativa, quer os resultados que se encontrarão, quer as leituras que possam permitir.

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