AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 11 de dezembro de 2021

JÁ NÃO HÁ SACO

 

Um estudo divulgado em 2021 realizado pelo investigador na área da economia da saúde da Nova SBE,  Pedro Pita Barros, “Acesso a cuidados de saúde - As escolhas dos cidadãos 2020, referia que 10% dos portugueses não vão ao médico quando sentem algum mal-estar e que desta população, 63% recorre à automedicação.

Um outro trabalho,“Automedicação na comunidade: Um problema de saúde pública”, publicado em 2019 e desenvolvido pela Escola Superior de Saúde de Viseu -IPV, mostrou que nos participantes, zona norte e centro de Portugal, a prevalência de automedicação ao longo da vida foi de 74,1% e nos seis meses anteriores, de 59,9%.

Como se percebe por estes indicadores, Portugal tem seguramente uma das mais altas taxas de literacia em saúde, apesar de alguns estudos não o confirmarem, certamente por falha metodológica.

Tenho mesmo a convicção que nos últimos dois anos os níveis de literacia em saúde subiram ainda mais, exponencialmente.

Diariamente, em qualquer canto da comunicação social ou nas redes sociais, a toda a hora, não é possível acompanhar intervenção de muitos milhares de especialistas em saúde e com áreas de especialização extremamente diversificadas. Entre estas, cabe também a tudologia que alberga os tudólogos, especialistas em tudo e de uma convicção no que dizem que só pode advir do vasto conhecimento.

Compreende-se, assim, a onda de exigência que se tem levantado para conhecer ao detalhe as recomendações técnicas dos especialistas que informam o parecer da Comissão Técnica de Vacinação da DGS sobre a vacinação de crianças dos 5 aos 11.

Ainda bem que assim é e se verifica com qualquer procedimento médico ou toma de medicação, só com toda a informação científica é que cada um de nós, os poucos que, como eu, não especialistas nestas coisas, poderá decidir.

É importante ainda sublinhar que a excelência da literacia em saúde que a generalidade de nós possui nos protege de múltiplos discursos que se vão ouvindo que parecem ter a ver com tudo menos com reais preocupações de saúde pública, em particular dos mais novos.

No entanto, a isto estamos habituados, mas já cansa. Será certamente um erro meu e se assim for as minhas desculpas, mas não vi qualquer exigência do Bastonário da Ordem dos Médicos relativamente à decisão do Governo Regional da Madeira de vacinar as crianças imediatamente depois da aprovação EMA, mas exige o conhecimento de todos os pareceres científicos no que respeita ao Continente. Porque será, não acredito que seja por afinidade partidária? Já não há saco para tantas agendas e hipocrisia misturadas com sérias e atendíveis necessidades de informação fiável que sustentem e apoiem a decisão, neste caso e em primeira linha, dos pais. E também dos avós que gostam de aconselhar com segurança os mais novos.

Os pareceres dos especialistas já estão disponíveis. Ainda bem.

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