AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 14 de setembro de 2021

É AMANHÃ

 Uma pequena nota sobre amanhã. Provavelmente será sem muito sentido, mas aqui fica.

Como demasiadas vezes parece depreender-se de múltiplos discursos, a partir de hoje todos os alunos, todos os professores, todos os técnicos e funcionários estarão no inferno. Ou não?

Não, não estarão no inferno, estarão nas escolas, onde a grande maioria quer estar, gosta de estar e precisa de estar.

Estará tudo preparado e a correr bem. Não, não estará, que me lembre nunca se iniciou um ano lectivo em condições perfeitas.

Estarão todos os recursos necessários, humanos e materiais, prometidos, anunciados e, obviamente necessários? Não, não estarão.

As escolas vão iniciar o seu trabalho em condições verdadeiramente excepcionais para as quais não existe manual de instruções como não existe para condições “normais” seja lá isso o que for.

Será possível estabelecer risco zero com mais de um milhão e meio de pessoas, entre alunos, da educação básica e secundária, e profissionais nos espaços escolares públicos? Não, não podemos garantir embora precisemos de que estejam asseguradas condições básicas e respostas prontas e eficientes.

Estamos com receios e inquietações? Sim estamos, sinal de lucidez e preocupação. Teremos que ajudar os alunos,  da educação pré-escolar até ao secundário, a gerir emocionalmente e cognitivamente situações para as quais não estão preparados? Sim é imprescindível que o façamos, sobretudo com os mais novos e mais vulneráveis.

E sabem por que razão escrevi estas notas e pensei outras da mesma natureza? Talvez não.

É que durante esta tarde estive algum tempo a conversar com os meus netos de cinco e oito anos que amanhã regressam ao jardim-de-infância, numa nova instituição, e à escola. Não é ao inferno, não pode ser ao inferno.

Estão motivadíssimos e entusiasmados porque vão voltar à escola, à escola de que um já gosta e o outro irá gostar, é também a do irmão embora ainda vá para o pré-escolar.

Eu também acho …, mas estou preocupado, sobretudo com a forma como todos os envolvidos, em múltiplos patamares e funções, cumpriram ou vão cumprir a sua parte.

Eles vão cumprir a deles. Voltar e aprender a ser gente.

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