AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 1 de agosto de 2021

OS DIAS DO ALENTEJO

 Os que por aqui vão passando conhecem o Mestre Zé Marrafa, um Homem que nos ajuda já há muitos anos nas tarefas do Monte. O Mestre Zé, já com 80 anos cumpridos e bem compridos que a vida de trabalho começou aos 9 anos, teima continuar na lida e nas lérias.

Neste sábado, foi tempo de plantar as primeiras couves. Estavam nos criadores já preparadas e a pedir para irem para a terra para se fazerem.

Encharcou-se a terra dois dias antes para que ficasse mais branda e pudesse ser fabricada depois com a motoenxada. Faltava abrir os regos e plantar as couves. Esta era a tarefa do Mestre Zé e enquanto for capaz é só dele.

O que sempre me impressiona e já trabalhamos juntos há quase 30 anos é o seu apego e brio nestas tarefas.

As couves são dispostas de uma forma que acho notável, coisa de “engenhêro” para permitir uma rega mais fácil, a água entra no primeiro rego e de mansinho chega ao último para frescura e crescimento das couves e para nosso contentamento daqui a umas semanas.

Terminada a tarefa e como sempre, o Mestre Zé insiste em sublinhar como tudo é feito. Ao longo destes quase 30 anos teima de forma persistente e empenhada em fazer de mim um Alentejano, um Alentejano de cá, do Alentejo, e não um Alentejano de lá, que vem ao Alentejo de tempo em tempo. É verdade que eu me esforço, quando a gente gosta a gente aprende melhor. Não sou um Alentejano de nascença, sou um Alentejano dos afectos, é no Alentejo que que me sinto em casa.

E são também assim os dias do Alentejo.



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