Serão raras ou inexistentes as mudanças rápidas nas sociedades ou países que se tornem objecto de avaliações consensuais. Ainda menos provável será o consenso sobre protagonistas com relevo nessas mudanças.
Vem esta introdução a propósito
da partida de Otelo Saraiva de Carvalho. Otelo nunca será uma figura
consensual. Basta ler algumas das referências que hoje se espalham pela
imprensa. Devo dizer que estranharia o contrário.
Pertenço a uma geração que já era
adulta em 25 de Abril de 74 e conheceu bem o que era Portugal por esse tempo e
o que representou para muita gente essa mudança e também a forma como
decorreu.
Embora como afirmou já o
Presidente da República talvez seja cedo para que a história possa avaliar
Otelo com a distância que potencia lucidez, o seu papel na preparação e
realização do “25 de Abril” parecem inquestionáveis.
Sou dos que posteriormente nem
sempre concordou com discursos ou procedimentos de Otelo, nada de estranho para
quem procura manter sentido crítico e não idealizar figuras.
No entanto, Otelo estará sempre
associado ao 25 de Abril de 74 e ao que esse momento histórico representou para
muitos de nós. É disso que agora me lembro e será disso que me lembrarei sempre.
E foi muito, independentemente de
tudo o que aconteceu nestes 47 anos.
Apreciei devidamente a objetividade do seu texto. O Tenente-Coronel Saraiva de Carvalho nunca será, de facto, uma figura consensual.
ResponderEliminarConvido-o, se quiser perder algum tempo, a acompanhar-me na reflexão que, procurando ser também desapaixonado e imparcial, publiquei em https://mosaicosemportugues.blogspot.com/2021/07/otelo-o-espinho-que-nem-morte-arrancou.html. Ficarei grato não deixar de comentar.