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terça-feira, 15 de junho de 2021

OS CAMPEÕES DE MUITAS PROVAS

 

A selecção portuguesa inicia hoje a participação no Europeu de Futebol. Pouca gente não terá dado por isso e ainda não ganhámos nada, apenas o direito a participar.

Jorge Fonseca tornou-se há dias bicampeão mundial de Judo nos Mundiais de Budapeste nos quais a selecção portuguesa teve uma prestação notável. Alguma gente deu por isso.

A selecção portuguesa conquistou 29 medalhas, 5 de ouro, nos campeonatos Mundiais de atletismo para deficiência intelectual. A selecção portuguesa tornou-se campeã mundial em masculinos e Lenine Cunha foi o atleta mais medalhado.

Das 29 medalhas conquistadas por atletas portugueses nesta competição, cinco foram de ouro. Lenine Cunha foi o mais medalhado, 7 medalhas e considerado o melhor atleta da competição. Portugal recuperou o título de campeão mundial em masculinos. Pouca gente terá dado por isso.

Como é óbvio estes resultados mereciam um destaque que, provavelmente, não irão ter.

Nada de novo. A vida de muitas pessoas com deficiência é, na verdade, uma constante e infindável prova de obstáculos, muitas vezes intransponíveis, que ampliam de forma inaceitável a limitação na mobilidade e a funcionalidade em diferentes áreas que a sua condição, só por si, pode implicar. Como é evidente, existem muitas áreas de dificuldades colocadas às pessoas com deficiência, designadamente, educação e emprego em que a vulnerabilidade e o risco de exclusão são enormes.

Reafirmo algo que recorrentemente subscrevo, os níveis de desenvolvimento das comunidades também se aferem pela forma como lidam com as minorias e as suas problemáticas.

Como disse, provavelmente o feito desportivo destes atletas terá o relevo que merecia. As primeiras páginas, mesmo no desporto, não são para estes indivíduos, as pessoas com deficiência não têm "glamour", não enchem estádios e não fazem movimentar milhões, não são colunáveis, são apenas, simplesmente, campeões, a sério.

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