A selecção portuguesa inicia hoje a participação no Europeu
de Futebol. Pouca gente não terá dado por isso e ainda não ganhámos nada,
apenas o direito a participar.
Jorge Fonseca tornou-se há dias bicampeão mundial de Judo
nos Mundiais de Budapeste nos quais a selecção portuguesa teve uma prestação
notável. Alguma gente deu por isso.
A selecção portuguesa conquistou 29 medalhas, 5 de ouro, nos
campeonatos Mundiais de atletismo para deficiência intelectual. A selecção
portuguesa tornou-se campeã mundial em masculinos e Lenine Cunha foi o atleta
mais medalhado.
Das 29 medalhas conquistadas por atletas portugueses nesta
competição, cinco foram de ouro. Lenine Cunha foi o mais medalhado, 7 medalhas
e considerado o melhor atleta da competição. Portugal recuperou o título de
campeão mundial em masculinos. Pouca gente terá dado por isso.
Como é óbvio estes resultados mereciam um destaque que, provavelmente,
não irão ter.
Nada de novo. A vida de muitas pessoas com deficiência é, na
verdade, uma constante e infindável prova de obstáculos, muitas vezes
intransponíveis, que ampliam de forma inaceitável a limitação na mobilidade e a
funcionalidade em diferentes áreas que a sua condição, só por si, pode
implicar. Como é evidente, existem muitas áreas de dificuldades colocadas às
pessoas com deficiência, designadamente, educação e emprego em que a
vulnerabilidade e o risco de exclusão são enormes.
Reafirmo algo que recorrentemente subscrevo, os níveis de
desenvolvimento das comunidades também se aferem pela forma como lidam com as
minorias e as suas problemáticas.
Como disse, provavelmente o feito desportivo destes atletas
terá o relevo que merecia. As primeiras páginas, mesmo no desporto, não são
para estes indivíduos, as pessoas com deficiência não têm "glamour",
não enchem estádios e não fazem movimentar milhões, não são colunáveis, são
apenas, simplesmente, campeões, a sério.
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