AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 31 de março de 2021

UM TESTE NACIONAL ?!

 Apesar de já ter sido divulgada há alguns dias um pequeno comentário à entrevista do Professor Nuno Crato ao DN.

Logo no início da entrevista e como seria previsível foi abordada a questão de como responder à situação de muitos alunos que reconhecidamente passaram e passam por dificuldades resultantes das situações de confinamento e de tudo o que esteve envolvido, metodologias utilizadas, recursos das escolas e famílias, literacia digital das famílias, assimetrias sociais e económicas, necessidades individuais, etc.

Sobre estas situações e como também já aqui tenho referido, o primeiro passo é identificar o real impacto verificado nos alunos e isso só os professores desses alunos com tempo e recursos podem fazer. As situações são tão diversas e complexas, desde as diferenças individuais, aos anos de escolaridade e sempre associadas a varáveis como as que referi acima.

O Professor Nuno Crato começa por referir a avaliação desta natureza e acaba por concluir pela imprescindibilidade da realização de testes nacionais. Tinha de ser, a paixão de Nuno Crato por exames nacionais, muitoS exames, permanece e a ênfase que põe na sua defesa transformou, aliás esta proposta, em título da entrevista por parte do DN.

Certamente que o Professor Nuno Crato, enquanto Ministro da Educação, não teve tempo para instituir exames nacionais em todos os anos de escolaridade e até mesmo um exame nacional no fim da educação pré-escolar para avaliar o estado de “prontidão” das crianças para a entrada na escolaridade obrigatória. Permanece centrado na crença mágica de que tudo se resolve com a medida, não com a avaliação que, obviamente, sendo também medir é bem mais do medir.

Para que fique claro, não tenho qualquer dúvida sobre a imprescindível necessidade de avaliação externa, sem a qual não teremos uma regulação externa do sistema que contribua para a sua qualidade e equidade.

Mas um teste nacional para avaliar o impacto dos confinamentos nos trajectos educativos dos alunos? A realizar quando e ao fim de quanto tempo teríamos resultados e que resultados? O que chegaria às escolas e quando chegaria às escolas? Trata-se certamente de incompetência ou incapacidade da minha parte, mas não vejo qualquer utilidade na realização de um teste nacional nestas circunstâncias. Não é possível medir de forma normalizada o que não me parece normalizável. A situação exige, como disse, avaliação cuidada e competente de forma diferenciada, em cada turma, em cada escola.

O que me parece, de facto, necessário entre outros aspectos e como escrevi há dois dia, é dotar as escolas dos recursos necessário para minimizar tanto e tão rápido quanto possível as dificuldades que identificam. Recursos suficientes para recorrer a apoios tutoriais ou ao trabalho com grupos de alunos de menor dimensão, apoios específicos a alunos mais vulneráveis, técnicos, psicólogos, por exemplo, num rácio que possibilite um trabalho multidimensionado como é exigido, etc., são essenciais.

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