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sábado, 6 de março de 2021

A LER, "A AUTOMATIZAÇÃO DA DOCÊNCIA"

 O texto de Paulo Guinote, “Dia 27 – A Automatização da Docência”, integrado no Diário de um Professor divulgado no Educare merece leitura e reflexão sublinhadas pelos tempos que vivemos.

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Com os recentes avanços na Inteligência Artificial e os progressos exponenciais na capacidade de armazenamento e processamento da informação, a ameaça de substituição do trabalho humano por automatismos estendeu-se a novas áreas que pareciam imunes à mecanização por implicarem operações mais complexas, em especial no sector dos serviços e até em áreas relacionadas com a própria produção cultural.

A Educação não tem ficado à margem deste tipo de evolução, com o aparecimento de ferramentas digitais que permitiram enriquecer o reportório metodológico dos docentes, tanto em diversidade de recursos como em rapidez de acesso nas salas de aula. Mas, como em outras épocas, estas ferramentas devem ser encaradas como uma extensão do professor, não como uma via aberta para a sua substituição por máquinas ou processos digitais de ensino automatizado à distância.

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Umas notas a este propósito. Estas ideias que de mansinho vão surgindo e ganhando tempo de antena podem vir a estar associadas a uma trajectória de esvaziamento da função docente e da sua consequente desvalorização. Deve dizer-se que este movimento não é de agora e não começou por cá. Tem vindo a fazer o seu caminho em diferentes sistemas, emergiu na década de 80 sob a designação de “deskilling” promovendo uma concepção “empobrecida”, diria “embaratecida” do professor e da sua função. Nesta visão, os docentes cumprem determinações e programas, não têm que fazer escolhas, possuir conhecimento aprofundado, solidez nas metodologias, valores éticos e morais, etc. Seria suficiente uns burocratas tecnicamente eficientes na gestão de programas e dispositivos digitais para “administrar” aulas a grupos de alunos "normalizados" com base num currículo normativo e prescritivo.

Os professores seriam então basicamente “entregadores de conteúdos”, (content delivers na formulação original) e realizariam um trabalho burocrático de avaliação normalizada e centralizada com base em infalíveis algoritmos que sem falhas ou desvios determinariam o trajecto escolar de uma população normalizada.

Definitivamente, este não pode ser o caminho. A “automatização da docência" conduziria a uma “desprofissionalização” que pode tornar os professores e a educação mais “baratos”, mas o nosso futuro será mais caro por pior qualidade, um professor de … é muito mais que um bom técnico de …

Todas as necessárias mudanças na educação só podem ocorrer e ser bem-sucedidas com o envolvimento e valorização dos professores, das suas competências, da sua função e também, naturalmente, com a sua avaliação.

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