A equipa portuguesa ganhou 17 medalhas nos campeonatos europeus de atletismo para atletas com deficiência intelectual. Desculpem a insistência, mas julgo que os esforço destes atletas merece divulgação.
Já aqui tenho referido as minhas
dúvidas sobre o modelo de competição, provas exclusivamente dedicadas a atletas
com uma condição. Continuo a entender que talvez fosse de considerar a realização
de forma integrada em provas das mesmas modalidades que envolvam a generalidade
dos praticantes ainda que distribuídos pelos critérios de participação
definidos.
De qualquer forma o desempenho
dos atletas portugueses justifica a referência. Retomo palavras que já aqui
escrevi. A vida de muitas pessoas com deficiência é, na verdade, uma constante
e infindável prova de obstáculos, muitas vezes intransponíveis, que ampliam de
forma inaceitável a limitação na mobilidade e a funcionalidade em diferentes
áreas que a sua condição, só por si, pode implicar. Como é evidente, existem
muitas áreas de dificuldades colocadas às pessoas com deficiência,
designadamente, educação e emprego em que a vulnerabilidade e o risco de
exclusão são enormes.
Reafirmo algo que recorrentemente
subscrevo, os níveis de desenvolvimento das comunidades também se aferem pela
forma como lidam com as minorias e as suas problemáticas.
O desempenho desportivo destes
atletas não terá o relevo que merecia, nunca tem. Nas primeiras páginas dos três jornais
desportivos hoje publicados não se encontra a mínima referência a 17 medalhas
num campeonato europeu. As primeiras páginas, mesmo no desporto, não são para
estes indivíduos, as pessoas com deficiência não têm "glamour", não
enchem estádios e não fazem movimentar milhões, não são colunáveis, são apenas,
simplesmente, campeões, a sério.
Merecia bem mais. Bastava para isso tirar tempo de antena ao "diz que disse" do Futebol.
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