AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 24 de novembro de 2020

CONFINADA(MENTE)

 

A janela de esperança que as notícias relativas ao acesso a vacinas com efeitos credíveis face à Covide-19 coincide com a instalação progressiva nas pessoas, muitas pessoas, de um mal-estar com múltiplas dimensões que tem vindo a ser referido por “fadiga pandémica”.

Uma das dimensões que parece mais inquietante é o peso de viver diariamente confinada(mente), ou de forma mais clara, com a mente confinada. Os riscos na saúde mental e na qualidade de vida podem ser devastadores e com diferentes expressões. Aliás, são regularmente divulgados indicadores neste sentido.

Eu sei que experienciando diariamente dificuldades económicas severas por perda de rendimento ou desemprego, por exemplo, a vida se torna num desespero que confina a mente. Também sei que políticas públicas integradas e adequadas podem minimizar este cenário. É isso que se exige em matéria de opções políticas.

Eu sei que quem experimenta diariamente problemas de saúde e ou dificuldade no acesso a cuidados de saúde, seja no âmbito da Covide-19, seja por outros quadros clínicos, com respostas adiadas ou inexistentes, sente que a vida se torna num desespero que confina a mente. Também sei que políticas públicas integradas e adequadas podem minimizar este cenário. É isso que se exige em matéria de opções políticas.

Eu sei que todos os actores envolvidos no sistema educativo e em todos os patamares, alunos, pais, professores, técnicos, auxiliares ou, direcções, experimentam diariamente situações de dificuldade, de receio e insegurança ou de falta de recursos que podem tornar a vida num desespero que confina a mente. Também sei que políticas públicas integradas e adequadas podem minimizar este cenário. É isso que se exige em matéria de opções políticas.

Também sei com base em indicadores já conhecidos que os riscos de uma mente confinada são significativos, muito significativos, quer em termos individuais, quer em temos comunitários, e com efeitos duradouros. Por outro lado, lá está, também sei que políticas públicas integradas e adequadas podem minimizar este cenário. É isso que se exige em matéria de opções políticas.

No entanto e apesar desta pesada situação, também sei que nós, pessoa a pessoa, mas em estratégias de proximidade, poderemos encontrar e alimentar factores de protecção e resiliência que não nos deixem confinar a mente. Não podemos mesmo viver de mente confinada.

É uma questão de sobrevivência, de futuro. Por uma mente desconfinada.

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