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quinta-feira, 29 de outubro de 2020

LEITURA, DE PEQUENINO É QUE ...

O Público divulga alguns dados de um estudo realizado pelo Centro de Investigação e Intervenção na Leitura do Instituto Politécnico do Porto que não sendo surpreendentes merecem atenção e, sobretudo, acção. O trabalho procurou identificar efeitos da suspensão das aulas no ano lectivo passado na competência de leitura de alunos agora no 2ºano de escolaridade.

O trabalho envolveu 542 crianças do 2.º ano de escolaridade de 11 agrupamentos de escolas do Porto, cerca de um terço do universo concelhio.

Em termos de resultados, neste início de ano 27% dos alunos do 2.º ano evidenciaram um desempenho na leitura “muito pobre” (percentil 10) neste início de ano lectivo e 10% no nível “frágil” (percentil 25).

Também sem surpresa a percentagem de alunos com nível “muito pobre” oriundas de famílias não desfavorecidas é de 22% sendo que os alunos com famílias carenciadas são 32%.

Este estudo tem sido realizado regularmente e mostra os efeitos da situação atípica do ano lectivo passado, em edições anteriores e no mesmo contexto a percentagem de alunos com níveis, “muito pobre” e “frágil” era 12% mais baixa. Apesar do esforço gigantesco realizado por professores e escolas no terceiro período do ano que passo, ficaram claros os impactos negativos e de natureza variada que a suspensão das aulas teve em muitos alunos como também este trabalho mostra.

A literacia é reconhecidamente uma das ferramentas críticas na e para a aprendizagem bem como para o acesso ao conhecimento e desenvolvimento.

Fragilidades no início do processo de aprendizagem formal da leitura e da escrita podem comprometer trajectos educativos bem-sucedidos.

Nesta perspectiva e sabendo que foi definido como orientação do ME que a fase inicial deste ano lectivo se centrasse na recuperação e consolidação de aprendizagens importa que as escolas tenham os recursos necessários e competentes para que esta consolidação e recuperação sejam tão sólidas quanto possível.

É ainda necessário, como sempre, uma atenção particular aos efeitos das variáveis sociodemográficas, contexto familiar, por exemplo, e definir estratégias, mais uma vez com os recursos necessários e de forma regulada, que possam minimizar ou ultrapassar os factores de risco que envolvem muitas crianças.

De pequenino é que … se torce o destino.

Continuamos, pois, com um caderno de encargos bem pesado, não deixar crianças para trás.


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