AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 5 de setembro de 2020

GOSTEI DE LER, "A MINHA PROFESSORA"

 

Numa altura em que nos aproximamos do início das aulas e num contexto excepcional deixo umas notas que intencionalmente estão fora da reflexão incontornável que envolve os receios relativos à COVID-19. No Expresso encontrei um texto muito bonito, como quase sempre, de José Tolentino de Mendonça, “A minha professora”, no qual emerge algo que muitas vezes aqui tenho referido, a importância dos professores  que nos marcam, aqueles que carregamos connosco ao longo da vida.

A verdade é que, sejam quais forem as circunstâncias que enfrentaremos em cada escola, em cada sala de aula, será sempre o professor o regulador da relação das crianças e adolesentes com essas circunstâncias. Centremo-nos, pois, no seu papel.

A esmagadora maioria dos professores é competente e empenhada nesse trabalho, procurando desenvolvê-lo com qualidade, rigor e eficácia, sem facilitismos, contrariamente ao que tantas vezes se afirma de forma ignorante. Todos os dias, em todas as escolas muitos professores fazem trabalhos de notável qualidade que mais frequentemente apenas são valorizados e conhecidos … pelos seus alunos.

Quando qualquer de nós faz um esforço para recuperar lembranças positivas sobre os professores, poucos ou muitos, com que nos cruzámos durante o nosso trajecto escolar, creio que quase todos nos lembramos de professores que continuam na nossa lembrança não só pelos saberes escolares que nos ajudaram a adquirir mas, sobretudo, por aquilo que representaram e foram para nós, ou seja, pela forma como nos marcaram. Cada um desses professores é, certamente, o melhor professor que conhecemos. É do que fala Tolentino de Mendonça.

Por isso, cada vez mais estou convicto de que os professores, tanto quanto ensinar o que sabem, ensinam o que são, ou seja, existem muitos que nos transmitem saberes e competências, o que é bom e indispensável, mas nem todos permanecem com a gente, não nos marcaram.

Parece-me sempre oportuno, nestes tempos mais que nunca, acentuar a importância destas dimensões de natureza mais ética, afectiva e de proximidade essenciais nos processos de ensino e educação. Devem ser valorizadas e promovidas para que os miúdos possam, posteriormente, falar dos professores que os marcaram e que, por essa razão, continuaram com eles.

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