Começou ontem da forma mais estranha de que há memória o terceiro
período escolar. A época excepcional e dura que atravessamos solicitam naturalmente
que nos adaptemos a essas circunstâncias.
Depois das experiências das duas últimas semanas de aulas aguardava-se
com alguma ansiedade o recomeço dos trabalhos nesta forma virtual, ensino à distância de emergência.
Durante a interrupção lectiva, o ME, professores, escolas,
autarquias e outras entidades terão feito um esforço gigantesco de ajustar o
dispositivo.
Provavelmente, minimizar-se-ão alguns constrangimentos no que
se refere a equipamentos e acessibilidade à net em muitos contextos familiares
embora os riscos de dificuldades dificilmente se eliminem.
Também com a experiência já realizada e com o esforço feito
nos últimos dias se verificará uma melhor preparação da generalidade dos
docentes para formas de trabalho que não faziam parte do quotidiano de muitos.
Também se contará com o apoio da iniciativa #EstudoEmCasa que veremos como na
prática funcionará.
Uma palavra de apreço e reconhecimento para este esforço.
No entanto, do lado das famílias, para além do importante,
repito, esforço de disponibilizar recursos adequados, as circunstâncias não têm
grande alteração, a exigência do teletrabalho a que muitos estão sujeitos, a
existência de crianças em diferentes anos de escolaridade, com necessidades especiais ou em idade pré-escolar,
os diferentes níveis de literacia digital ou geral, o peso das variáveis
psicológicas que um tempo já longo de confinamento vai acentuando a que se
junta a emergência de dificuldades de natureza económica em muitas famílias, etc.,
continuam presentes e difíceis de gerir
e e tenderão a tornar-se mais pesadas até se começar a desenhar alguma inversão.
Neste cenário julgo que seria prudente o evitar de alguns
riscos por excesso e dispersão. Em linha com o texto de ontem do Professor Paulo
Guinote, “A beleza da simplicidade”, no Educare.pt, julgo que seria adequado em
temos genéricos, mas mais no que respeita aos primeiros anos de escolaridade,
sobretudo no 1º ciclo e para a educação pré-escolar que “simplificar” se estabelecesse como orientação.
Seria desejável que o trabalho a desenvolver, os conteúdos
envolvidos, os dispositivos em utilização, a organização de tempos e rotinas,
etc., tivessem como preocupação a simplificação, professores alunos e famílias ganhariam.
Esta simplificação deve incluir a avaliação e registos. Seria positivo
que, tanto quanto possível, se aliviasse a pressão “grelhadora” a que
habitualmente escolas e professores estão sujeitos
Como é evidente, este apelo à simplificação não tem a ver com
menos rigor, qualidade, intencionalidade educativa ou não proporcionar tempo de
efectiva aprendizagem para todos. Antes pelo contrário, se conseguirmos
simplificar processos e recursos, alunos, professores e famílias beneficiarão
mais do esforço enorme que todos têm que realizar e estão a realizar.
Sempre que falo desta questão recordo-me do Mestre João dos
Santos, a quem tarda uma homenagem com significado nacional, quando dizia, cito de
memória pelo privilégio de ainda o ter conhecido e ouvido, que em educação o
difícil é trabalhar de forma simples, é mais fácil complicar, mas, obviamente,
menos eficaz, menos produtivo e muito mais desgastante.
Talvez valesse a pena tentarmos esta via de mais
simplificação. As circunstâncias já são suficientemente complicadas.
Tal e qual.
ResponderEliminarGenericamente, o complicar tem na sua génese o nepotismo e a incompetência.