AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

DA EDUCAÇÃO AO LONGO DA VIDA


Gostei de ler o texto de João Ruivo, “Por uma educação sem distâncias”. É sublinhado o papel da escola e dos professores na promoção de processos de educação ao longo da vida recorrendo a espaços e metodologias diferenciadas. Sublinho a defesa de um entendimento de educação ao longo da vida e não do mais corrente nos tempos actuais de “aprendizagem ao longo da vida”. De facto, educação sendo também aprendizagem é bem mais do que aprendizagem e importa, como refere Biesta, resistir a uma concepção de "learnification" que parece substituir a de "education".
Na reflexão proposta por João Ruivo, todos os cidadãos estarão envolvidos neste processo de educação ao longo da vida.
(...)
(...)
Considerando a realidade portuguesa recordo que considerando os dados do último Censos (2011) teríamos uma taxa de analfabetismo de 5.15%. Sendo certo que este dado representa um salto relevante face a 25.7% em 1970 ainda mantemos uma taxa demasiado elevada. A educação e a formação de adultos é hoje uma área crítica e de forte investimento em diversos sistemas educativos mesmo em países taxas de alfabetização bastante acima das nossas.
Se à taxa de analfabetismo acrescentarmos o analfabetismo funcional, pessoas que foram escolarizadas, mas que não mantêm competências em literacia em diferentes campos, a situação é verdadeiramente prioritária, atingirá certamente cerca de dois milhões de portugueses.
Também por estas razões continuo a pensar que talvez não tenhamos tantos professores a mais como muitos discursos e políticas sustentam e muitos professores com anos de experiência avaliada e tratados como descartáveis teriam muito trabalho nesta área.
Os custos pessoais e sociais para as pessoas nesta situação, em várias dimensões, e o impacto económico da falta de competências em literacia justificaria um fortíssimo investimento em minimizar a situação até ao limite possível. Como sempre, é matéria de opções políticas e visão de sociedade.
Tantas vezes é preciso afirmar, os custos em educação não representam despesa, são investimento e com retorno garantido.

Sem comentários:

Enviar um comentário