AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 29 de dezembro de 2019

ESTAMOS A DORMIR MUITO POUCO, SOBRETUDO OS MAIS NOVOS


Não será o tema mais estimulante para esta época do ano mas é uma enorme preocupação para todos os dias, o sono, em particular a duração e qualidade do sono dos mais novos.
No Expresso encontra-se um trabalho, bem documentado, sobre a grave insuficiência das horas de sono entre nós. Afecta todas as idades, em adultos somos os que mais tarde nos deitamos e dos que mais cedo nos levantamos na Europa, em crianças e adolescentes também a qualidade e duração do sono é um problema sério e com consequências significativas.
Muitas vezes aqui tenho referido esta problemática que abordo em muitas conversas com pais mas os estilos de vida, as crenças, a falta de informação, a qualidade das rotinas educativas, etc. tornam as mudanças difíceis.
Na peça do Expresso são disponibilizados alguns indicadores que não repito e algumas preocupações que retomo também porque me parece que a questão da higiene do sono não suficientemente valorizada.
A falta de qualidade do sono e do tempo necessário acaba, naturalmente, por comprometer a qualidade de vida global das crianças e adolescentes, incluindo o rendimento e comportamento escolar. Todos nos cruzamos frequentemente nos Centros Comerciais, por exemplo, com crianças, mais pequenas ou maiores, a horas a que deveriam estar na cama e que, penosa mas excitadamente, deambulam atreladas aos pais.
Alguma evidência sugere que parte das alterações verificadas nos padrões e hábito relativos ao sono remete para questões ligadas a stresse familiar e sublinha o aumento das queixas relativas a sonolência e alterações comportamentais durante o dia.
As situações de stresse familiar serão importantes mas parece-me necessário não esquecer alguns aspectos relacionados com os estilos de vida, com as rotinas ou com a utilização nem sempre regulada das novas tecnologias. Durante o dia, as crianças e adolescentes passam boa parte do seu tempo saltitando de actividade para actividade, passam tempos infindos na escola e, muitos deles, são pressionados para resultados de excelência. Muitos trabalhos mostram também que boa parte das crianças e adolescentes terão computador ou televisor no quarto, além do telemóvel e smartphones.
Acontece assim que durante o período que seria dedicado ao sono, as crianças ainda estão em actividade e sem regulação familiar muitas crianças e adolescentes continuam diante de um ecrã. Como é óbvio, este comportamento não pode deixar de implicar consequências nos comportamentos durante o dia, sonolência e distracção, agitação, ansiedade e, naturalmente, o risco de falta de rendimento escolar e de alteração no comportamento num quadro geral de pior qualidade de vida.
Creio que, com alguma frequência, alguns comportamentos e dificuldades escolares dos miúdos, sobretudo nos mais novos que por vezes, sublinho por vezes, são de uma forma aligeirada remetidos para problemas como hiperactividade ou défice de atenção, podem estar associados aos seus estilos de vida ou aos modelos educativos, universo onde se incluem os hábitos e padrões de sono como, aliás, alguns estudos e a experiência de muitos profissionais parecem sugerir.
Considerando as implicações sérias na vida diária importa que se reflicta sobre a atenção e ajuda destinada aos pais para estas questões e que apesar a utilização imprescindível e útil destes dispositivos seja regulada e protectora da qualidade de vida das crianças e adolescentes.
A experiência mostra-me que muitos pais desejam e mostram necessidade de alguma ajuda ou orientação nestas matérias.

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