AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 17 de setembro de 2019

SMARTPHONES NA SALA DE AULA E NA ESCOLA, SIM, NÃO, PARA QUÊ?


A propósito da referência a mais uma iniciativa de proibição de smartphones em contextos escolares incluindo recreios, escolas de Michigan nos USA, o I tem uma peça sobre esta questão. Vão sendo conhecidas decisões de proibição de que Singapura ou a França a partir deste ano são exemplos.
Embora se  possam compreender as razões que sustentam as proibições, o uso excessivo deste tipo de dispositivos por parte de crianças e adolescentes com risco directos e indirectos reconhecidos, a decisão não é consensual como aliás a peça do I mostra.
Ao que parece existem pais que se inquietam com a impossibilidade de contactar com os filhos e também levantam algumas questões de funcionalidade.
Também se colocam questões de natureza logística, como recolher, guardar e devolver a quantidade de telemóveis em uso mas é um aspecto que me parece menos relevante se bem que a dificuldade seja evidente.
Por outro lado são conhecidos múltiplos exemplos de boas práticas na utilização dos smartphones e telemóveis nas salas de aula como ferramentas de trabalho e de suporte à aprendizagem e ao conhecimento. Fica algo estranho que nas aulas possam trabalhar com os dispositivos e no intervalo sejam proibidos de os utilizar. Aliás, temos alunos com necessidades especiais para os quais este tipo de ferramentas são imprescindíveis em diferentes circunstâncias.
Não tenho nenhuma convicção que esta estratégia de proibição devolva crianças e adolescentes à conversa e aos “jogos tradicionais” embora seja imprescindível a regulação do seu uso.
A questão estará a montante, a utilização que nós todos damos a estes dispositivos. Seria bastante mais interessante que se discutisse a sério nas comunidades educativas a regulação dos comportamentos e definição de regras e limites, sem “superpais”, sem “superfilhos” ou “superprofessores”. No entanto, esta discussão tem de ser acompanhada pela nossa, adultos e profissionais, regulação da sua utilização. Se olharmos para muitas famílias em “convívio” ou para muitos contextos profissionais em “reunião” verificaremos os ecrãs que muitos terão à sua frente e perceberemos o que está por fazer, comportamento gera comportamento.
Apesar de bem-intencionada a decisão de proibição não me parece eficaz e, mais do que isso, poderá levantar novos problemas, de conflitualidade por exemplo.
Tenho alguma curiosidade sobre a apreciação que os docentes das nossas escolas farão da medida e do seu potencial de eficácia.

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