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domingo, 29 de setembro de 2019

PROFESSORES: O ENCANTO E O DESENCANTO


No recentemente divulgado Education and Training Monitor 2019 com base nos dados do Talis 2018 existem muitos indicadores relevantes alguns dos quais já foram referidos na imprensa, a muito preocupante elevada média etária da classe docente em Portugal por exemplo.
Um outro aspecto ainda referente aos professores que me parece merecer reflexão e consideração nas políticas públicas para o sector prende-se com a forma como a classe docente se percebe profissionalmente e socialmente.
Cito da parte do relatório referente a Portugal.
A afirmação inicial é elucidativa e os números apenas a sustentam. A profissão foi a primeira escolha para 84.2% dos inquiridos, a mais alta da UE com a média de 65.7%, 92.1% dos docentes inquiridos estão satisfeitos com a profissão, na UE a média é de 89.5%, mas apenas 9.1% se sente valorizado socialmente, praticamente metade da média verificada na UE, 17.7%. Esta percepção de não valorização social tem necessariamente implicações nos contextos escolares e no desempenho dos professores.
Creio que algumas das dimensões das políticas públicas em matéria de educação nos últimos anos têm contribuído para um sentimento de desvalorização dos professores com impacto evidente no clima das escolas e nas relações que a comunidade estabelece com estes profissionais.
Por outro lado, os recorrentes ataques, intencionais ou não, à imagem dos professores, incluindo parte do discurso de gente dentro do universo da educação que tem, evidentemente, responsabilidades acrescidas e também o discurso que muitos opinadores profissionais, mais ou menos ignorantes ou com agendas implícitas, produzem sobre os professores e a escola, contribuíram para essa percepção de desvalorização dos professores embora, deve sublinhar-se, constituam uma das três classes profissionais, para além de bombeiros e médicos, em que os portugueses mais confiam.
Tudo isto acaba por minar a relação dos professores com alunos e pais com consequências que se notam bem nas salas de aula e na frequência de episódios de agressão ou ofensas a docentes.
Mais uma vez, desculpem a insistência, seria desejável que não nos esquecêssemos que os sistemas educativos com melhor desempenho são também os sistemas em que os professores são mais valorizados, reconhecidos e apoiados.

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