Felizmente, começa a parecer cada
vez mais evidente a necessidade de repensar o modelo de acesso ao ensino superior
em que os candidatos são ordenados com base num peso muito significativo das
notas finais do ensino secundário.
Entre outras questões e como
tantas vezes tenho escrito coloca-se a iniquidade das escolas simpáticas,
maioritariamente privadas, que inflacionam a avaliação interna dos alunos e o
florescimento de um nicho de mercado, as explicações ou centros de estudo, com
custos não acessíveis a boa parte das famílias. A peça do Público é ilustrativa
deste cenário e importa não esquecer que foi agora revelado o baixo rendimento
da maioria das famílias portuguesas.
Parece-me que um caminho a considerar seriamente será entender que a conclusão e certificação de conclusão do ensino secundário e a
candidatura ao ensino superior deveriam ser processos separados.
Os exames nacionais destinam-se,
conjugados com a avaliação realizada nas escolas, a avaliar e certificar o
trabalho escolar produzido pelos alunos do ensino secundário e que, obviamente,
está sediado no ensino secundário. Neste cenário caberiam também as outras
modalidades que permitem a equivalência ao ensino secundário, como é o caso do
ensino artístico especializado ou recorrente em que também se verificam algumas
"especificidades", por assim dizer.
O acesso ao ensino superior é um
outro processo que deveria ser da responsabilidade do ensino superior e estar
sob a sua tutela.
A situação existente alimenta
este nicho de mercado em que, os estudos mostram-no, as notas de acesso dos
alunos do ensino secundário privado não sustentam carreiras escolares no ensino
superior no mesmo patamar.
Não está em causa a existência de
exames finais no ensino secundário. O que me parece ajustado é que as
classificações, internas e externas no ensino secundário deveriam constituir
apenas um factor de ponderação a contemplar com outros critérios nos processos
de admissão organizados pelas instituições de ensino superior como, aliás,
acontece em muitos países.
Sediar no ensino superior o
processo de admissão minimizaria muitos dos problemas conhecidos decorrentes do
facto da média de conclusão do ensino secundário ser o único critério utilizado
para ordenar os alunos no acesso e eliminaria o “peso” das notas inflacionadas
em diversas circunstâncias e iniquidade do mercado das explicações.
Enquanto não se verificar a
separação da conclusão do secundário da entrada no superior corremos o risco de
lidar com situações e negócios que sendo úteis a alguém não o serão, obviamente
para a maioria das famílias.
Exatamente, só a classificação de 1 ou 2 provas de acesso elaboradas pelo estabelecimento do ensino superior e às quais concorreriam todos os jovens com o 12.º ano concluído independentemente do curso e da escola frequentada: muito simples, nas tenho a certeza absoluta que morrerei sem está única condição justa de acesso estar em vigor.
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