AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 22 de abril de 2019

AÍ ESTÁ O TERCEIRO PERÍODO


Cumprindo os tempos que ainda são os da esmagadora maioria das escolas, depois da Páscoa vai iniciar-se o terceiro período escolar. Para muitos alunos será o período da decisão, das decisões.
Uma boa parte dos alunos estará já "arrumada", ou porque convivem com um "chumbo"  anunciado ou porque terão boas perspectivas de sucesso, com excelência ou com suficiência. Para quase todos os outros o terceiro período é o da recuperação, dito de outra maneira, é o das explicações, a última tentativa para "salvar" o ano.
De facto, existe um grupo significativo de alunos dos quais se espera que recuperem o rendimento escolar de forma a salvar o ano, pelo que crescerá exponencialmente o recurso à velha "explicação", um importante nicho de mercado para professores, ex-professores, candidatos a professores ou simples curiosos que se dedicam à lucrativa arte. Aliás, ainda durante as férias de Páscoa que hoje terminam muitas crianças e adolescentes passaram já algum tempo nos centros de explicações. É preciso ir adiantando para garantir a "recuperação", a nota que permita “passar” ou dê acesso ao curso escolhido, pelo aluno ou pela família.
É também um período de promessas, "se passares, nós oferecemos-te ...", "se tiveres notas para entrar, terás ...". Chamam-se incentivos e providenciam, esperam os pais, uma ajuda extra à motivação para este terceiro período.
Para alguns alunos este terceiro período vai anteceder, espera-se que facilitando, uma mudança, de ciclo, de escola ou a por muitos desejada passagem para o ensino superior, esperemos que não desistam de estudar.
No fim do período uma parte dos alunos ainda vai realizar exames. Há que trabalhar e mostrar conhecimento e, dizem, os exames servem para evidenciar uma coisa e outra. Daqui decorre uma outra pressão para o recurso às explicações, vêm lá os exames e os pais e professores esperam, naturalmente, que os filhos ou os alunos façam "boa figura". Alguns pais, mais do que esperar ou desejar, exigem, o que torna vida mais difícil para alguns miúdos e que, em algumas situações, pode mesmo ser um contributo para mais dificuldades.
No entanto, para outros alunos, o terceiro período vai deixá-los mais perto do insucesso, da desmotivação, do abandono revoltado ou resignado. Eles terão falhado, mas não terão sido só eles, nós também.
Existe ainda um grupo de alunos que apesar de à luz de um novo paradigma e de uma onda de inovação vive dentro de espaços curriculares ou físicos que os podem “guetizar” e de quem também não se espera muito, são “adicionais”, são “selectivos”, são “redutores”, são outra qualquer designação muitas vezes começada em “dis”, que procuram sobreviver a ambientes que nem sempre são muito amigáveis e inclusivos apesar de algumas boas práticas que se saúdam e registam.
Na verdade, os próximos meses vão ser pesados, exigentes, apesar de haver quem entenda como fáceis os trabalhos dos alunos … ou dos professores.
Boa sorte e bom trabalho, para alunos, professores e pais.

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