Ontem no JN fui atraído por este
título, “Revolução em curso: seis escolas que estão a ganhar na criatividade”.
Como sempre me interessam as boas
práticas em educação não pude deixar de ler.
A introdução ao trabalho afirmava
“A autonomia curricular tem produzido uma variedade inédita de métodos de
ensino. A jornalista Filomena Abreu e o fotojornalista Artur Machado mostram a
explosão da criatividade em seis escolas públicas e privadas, de norte a sul do
país.”
A primeira experiência recolhida para
ilustrar a revolução em curso através da explosão de criatividade envolvia uma
turma do 6º ano e tratava-se da realização de uma … tcham, tacham (como diz o meu
neto), … Assembleia de Turma, isso mesmo,
uma Assembleia de turma em que se analisavam os incidentes diários. Na continuação da leitura ainda pensei que iria conhecer integrar mais artefactos explosivos
inovadores, ainda me poderia deparar com um dispositivo x.0, a imprensa Freinet,
por exemplo. O que se descreve são, de facto boas práticas, com gente empenhada e competente mas ... revolucionárias?!, uma explosão de criatividade?!
Talvez tenha acordado mal
disposto, talvez o meu cansaço dos discursos sobre a “inovação”, “o novo
paradigma” já me mine a paciência e a resiliência ressente-se. Desculpem.
Um dos mais badalados avanços do
DL 54 foi definir um novo paradigma e acabar com a “categorização”. Nem mais
uma vez referiríamos os “CEIs”, os “NEEs” ou os “redutores”.
Ler ou ouvir que se trabalha com
5 “adicionais” e dois “selectivas” ou com 6 “universais” ilustra o novo
paradigma que eliminou a categorização.
O mantra é a flexibilização mas
parece continuar a azáfama “grelhadora” que burocratiza e desgasta sem que o
benefício pareça compensar o custo.
Não precisam de me dizer, eu sei,
há gente e escolas a realizar trabalhos notáveis como sempre aconteceu. Merecem
divulgação e reconhecimento.
Mas, por favor, não me vendam que
está tudo bem, que apenas se verificam pontuais incidentes próprios dos processos
de mudança, não me digam que estamos na antecâmara da educação de qualidade
para todos. Não é o mesmo que uma sala de aulas para todos.
Assembleia de turma criatividade? Enquanto diretora de turma sempre adotei como prática. Trabalho de projeto? Sempre o fiz. Atualmente caiu se no ridículo de não existir na escola espaços livres para afixar os trabalhos dos alunos, já que todos pretendem mostrar o que fazem, o que se tornou uma autêntica "feira das vaidades", inovação? Muito pouca. Tudo aquilo que vejo, já se fazia. Decreto lei 54? Os alunos continuam a ser rotulados e faz se tudo igual, mais do mesmo. Como se pode inovar se as mentalidades não se alteram? Estas só mudam na longa duração. É preciso caminhar mais duas ou três gerações no sistema educativo para que o paradigma se altere.
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