Ainda estive tentado a escrever
estas notas em alemão mas … não sei alemão. Pensei que talvez as pudesse
escrever em modo “mulher do Alto Minho” mas … não sou mulher e também não sou
do Alto Minho.
Assim sendo, cá vai.
A trapalhada em torno do registo
de presença do deputado José Silvano em sessões de trabalho do Parlamento nas
quais não esteve presente, as reacções do reclamado farol da ética, Rui Rio, a
patética intervenção da deputada Emília Cerqueira, a mulher do Alto Minho que insulta a inteligência, o
assobiar para o lado de múltiplas figuras com os seus telhados de vidro
ameaçados, constitui apenas mais uma cena triste de um longo trajecto de boa parte
das nossas lideranças políticas no esvaziamento de um sentido ético e de pudor
que seriam exigíveis.
Sei bem que referências a estas
questões num espaço desta natureza, ainda que recorrentes, são irrelevantes. No
entanto, também acredito que é necessário reflectir e insistir em discursos e
em posições que permitam pressionar no sentido da mudança, daí a insistência em
notas que já tenho abordado e a que chamo a pegada ética.
O despertar das consciências para
as questões do ambiente e da qualidade de vida colocou na agenda a questão das
pegadas, das marcas, que imprimimos no mundo através dos nossos comportamentos.
Este novo sentido dado às pegadas tornou secundárias e ultrapassadas as míticas
pegadas dos dinossauros e as românticas pegadas que os pares de namorados
deixam na areia da praia.
Fomo-nos habituando a ouvir
referências às várias pegadas que produzimos com nomes e sentidos mais próximos
ou mais distantes mas, sobretudo, tem-se acentuado a grande preocupação com a
diminuição do peso, isto é, do impacto das nossas pegadas. Conhecemos a pegada
ecológica numa perspectiva mais global ou, em entendimentos mais direccionados,
a pegada hídrica, a pegada energética, a pegada verde, a pegada do papel, a
pegada do carbono, etc.
Do meu ponto de vista e sempre
preocupado com o ambiente, com a qualidade de vida e com a herança que
deixaremos a quem nos segue, nunca encontro referências e muito menos
inquietações sérias com a pegada ética, isso mesmo, a pegada ética. Os
comportamentos e valores que genericamente mobilizamos têm, obviamente, uma
consequência na qualidade ética da nossa vida que não é despicienda. Os
maus-tratos e negligência que dedicamos aos princípios éticos mais substantivos
provocam um empobrecimento e degradação do ambiente e da qualidade de vida das
quais cada vez parece mais difícil recuperar.
As lideranças, hipotecando a sua
condição de promotores de mudanças positivas são fortemente responsáveis pelo
peso e impacto que esta pegada ética está a assumir.
Vai sendo tempo de incluir a
pegada ética no universo da luta pelo ambiente, pela qualidade de vida e pelo
futuro.
Muito bom professor. Li e "assino" por baixo.
ResponderEliminarA ideia da pegada ética é mesmo muito boa.
Abraço solidário da sua ex-aluna Teresa