AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 11 de agosto de 2018

RECORRE, A NOTA SOBE


Uma das situações recorrentes no nosso sistema educativo que julgo, por assim dizer, curiosas, é o número de casos em que após reapreciação face a recurso as notas dos exames finais sobem. É também interessante a forma discreta como esta situação é acolhida.
Este ano, das 6112 provas reapreciadas pelo Júri Nacional de Exames subiram 70%, mais de 4000 exames. Em Matemática A tivemos 85% de melhorias e em Português 68%. 
No Ensino Básico o número de pedidos de reapreciação é bem mais baixo mas verifica-se subida de nota em 79%.
Sabe-se que a avaliação escolar contém uma incontornável dimensão de subjectividade e complexidade, por isso, é necessário um trabalho muito consistente ao nível da qualidade dos exames, da solidez, clareza e coerência dos critérios de avaliação e, naturalmente, da competência dos avaliadores. Estes aspectos são, aliás, objecto de frequentes referências na imprensa durante a época de exames.
Como explicar tal número de recursos acolhidos, na maioria subindo a classificação? Como confiar na avaliação se muitos professores aconselham os alunos a recorrer pois a probabilidade de verem a nota melhorada é grande?
No ano passado, também na altura em foram conhecidos os resultados dos recursos, a professora Leonor Santos da Universidade de Lisboa, especialista em avaliação das aprendizagens, afirmava em entrevista ao Público que aqui citei na altura devido ao seu interesse, a existência de estudos que confirmam a tendência de a subida de notas nos processos de reapreciação. Entende que tal situação decorre mais da “atitude de base” do classificador que de erros cometidos. Afirma, “Há investigação que já demonstrou que a preocupação dos avaliadores que estão a classificar pela primeira vez é a de manter os mesmos critérios para todas as provas. Mas quando está a fazer uma revisão de prova, a sua atitude é completamente diferente: tenta aproveitar tudo o que for possível”.
Não sou especialistas nestas matérias mas julgo que deveriam ser, tanto quanto possível, ponderadas e consideradas para que os exames e a sua classificação mereçam a confiança de alunos e famílias.

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