Conforme já tinha sido anunciado
foi aprovado ontem pela Assembleia Nacional a proibição já no próximo ano
lectivo do uso de telemóveis nas escolas básicas e secundárias sendo que a
proibição também envolve os professores. O Ministro da Educação refere a
aprovação de uma “lei da desintoxicação”, 90% das crianças francesas a partir
dos 12 anos tem telemóvel.
Os dispositivos podem ser usados
para “fins educacionais” ou por alunos com necessidades especiais para os quais
sejam imprescindíveis.
O Ministro defende “Hoje em dia,
as crianças já não brincam no recreio, porque estão todas à volta do seu
smartphone e entende que a decisão é "uma mensagem de saúde pública para
as famílias".
Embora a razão que a sustenta, o
uso excessivo deste tipo de dispositivos por parte de crianças e adolescentes
com risco directos e indirectos reconhecidos, seja óbvia a decisão não é
consensual.
Ao que parece existem pais que se
inquietam com a impossibilidade de contactar com os filhos e também levantam
algumas questões de funcionalidade.
se colocam questões de natureza
logística, como recolher, guardar e devolver a quantidade de telemóveis no
entanto esta é a parte que me parece menos discutível se bem que a dificuldade
logística seja evidente.
Acresce que a utilização dos
smartphone e telemóveis nas salas de aula como ferramenta de trabalho e de
suporte à aprendizagem e ao conhecimento está aí e está para se incrementar o
que me parece natural. Fica algo estranho que nas aulas possam trabalhar com os
dispositivos e no intervalo sejam proibidos de os utilizar.
Não tenho nenhuma convicção que
esta estratégia de proibição devolva crianças e adolescentes à conversa e aos
“jogos tradicionais” embora seja imprescindível a regulação do seu uso.
A questão estará a montante, a
utilização que nós todos damos a estes dispositivos. Seria bastante mais
interessante que se discutisse a sério nas comunidades educativas a regulação
dos comportamentos e definição de regras e limites, sem “supernannys”, sem
“superdaddys” ou “superstores”. No entanto esta discussão tem de ser acompanhada
pela nossa, adultos e profissionais, regulação da sua utilização. Se olharmos
para muitas famílias em “convívio” ou para muitos contextos profissionais em
“reunião” e repararmos o que está acontecer nos ecrãs que muitos terão à sua
frente perceberemos o que está por fazer, comportamento gera comportamento.
Apesar de bem-intencionada a decisão de proibição não me parece eficaz e, mais do ue isso, poderá levantar novos problemas. conflitualidade, por exemplo.
Tenho alguma curiosidade sobre a apreciação que os docentes das nossas escolas farão da medida e do seu potencial de eficácia.
Apesar de bem-intencionada a decisão de proibição não me parece eficaz e, mais do ue isso, poderá levantar novos problemas. conflitualidade, por exemplo.
Tenho alguma curiosidade sobre a apreciação que os docentes das nossas escolas farão da medida e do seu potencial de eficácia.
Estou totalmente de acordo com todas as suas considerações.
ResponderEliminarApesar de me parecerem anedóticos os argumentos dos pais, como se as escolas não tivessem as portas abertas e os telefones disponíveis para as necessidades de força maior, também julgo desacertado abrir uma guerra à modernidade, para facilitar o trabalho de quem tem de educar as crianças e jovens, em todos os sentidos.
Passamos a vida a ver famílias amesendadas em restaurantes, em que cada membro está com o seu equipamento tecnológico enquanto espera, inclusive bebés ainda sentadinhos em cadeiras próprias, de tão pequenos que são.
Então, é caso para perguntar se será justo que os miúdos sejam "castigados" nas escolas por défice de educação dos adultos que os tutelam, e se um dos objetivos visados - combater a indisciplina e o "bullying" na escola - não terá precisamente o efeito contrário, sendo que o fruto proibido é sempre o mais desejado.
Na minha família, onde o mais novo tem 25 anos, toda a gente conhece um anúncio muito expressivo sobre esta temática.
Este: https://www.youtube.com/watch?v=bMf_qVLNrlI
E quando alguém prevarica à mesa, por exemplo (muito raramente), eu pergunto logo:
"- Querem que vá buscar a máquina de escrever?" :-)
Não era ANÚNCIO, mas sim VÍDEO.
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