AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

A HISTÓRIA DO RAPAZ DESENCANTADO OU UM PROBLEMA DE ORIENTAÇÃO VOCACIONAL

O Professor Velho, o que está na biblioteca e fala com os livros, ia a atravessar o pátio da escola e cruzou-se com o Paulo, um seu "velho conhecido".
Olá Paulo, tudo bem contigo?
Tá-se bem Velho, olha lá, quando é que eu já não preciso de vir à escola?
Não percebo.
Sou obrigado a vir para a escola até quando? É até ao 12º?
Sim, tu vais ter de cumprir 12 anos de escolaridade obrigatória e isso pode chegar ao 12º. Porque perguntas isso?
Velho, até aos 18 anos é bué da tempo, eu já sei ler, sei escrever, sei resolver problemas, já não preciso de saber mais coisas.
Mas isso é pouco para teres uma profissão que gostes.
Velho, a minha irmã Joana andou bué da tempo na escola, foi para a universidade para ser, parece que engenheira e não trabalha, não arranja trabalho.
Certo, às vezes é difícil mas a maioria das pessoas tem trabalho.
Mas são as pessoas que conhecem gente bué importante e que pedem, é o que diz o meu pai.
Não é bem assim, as coisas da vida das pessoas não estão fáceis mas podem mudar.
Não Velho, não muda nada, as pessoas que mandam passam o tempo a dizer mal uns dos outros, só pensam nos interesses deles e não querem saber dos outros, diz o meu pai.
Eu acredito que as coisas podem ficar melhores e que era bom que continuasses na escola mais tempo, mas estou preocupado contigo.
Não te preocupes Velho, amanhã ainda venho, tenho teste de História e quero safar-me.
E lá foi o Paulo, deixando o Professor Velho inquieto com a dificuldade que todos sentimos em ajudar os mais novos a acreditar que lá para diante haverá uma vida que mereça um esforço para ser construída.

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