AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

NÃO MATEM O FUTEBOL

Não é matéria que aqui aborde com frequência mas é umas das minhas paixões, o futebol.
Talvez por isso da última vez que o fiz, em Setembro, o texto tinha como título “Não matem essa coisa linda, o futebol”. Pois parece que querem mesmo liquidar o futebol. O fim-de-semana foi marcado por graves incidentes com adeptos, agressões a árbitros, tudo o que se antecipava e não ficará certamente por aqui.
Na altura, a propósito de um apelo de contenção do presidente da Federação Portuguesa de Futebol dirigido aos responsáveis clubísticos escrevi que o alerta vinha tarde, as estruturas directivas e reguladoras são parte do problema embora, evidentemente, se espere que façam parte da solução.
Na verdade, também no desporto, em particular no futebol, os tempos andam feios, por cá e por fora. Estranho seria se assim não fosse.
A minha paixão pelo futebol vai resistindo mal aos maus tratos que vai recebendo. São recorrentes e progressivamente mais radicalizados e violentos os comportamentos e discursos que o envolvem para além da componente negócio que também desempenha um papel importante no clima criado.
A espiral de gravidade dos episódios que já se anunciava começa a confirmar-se da irracionalidade e do ambiente de hostilidade e ódio instalados. Os mais recentes episódios envolvendo as claques e as direcções do Benfica, Porto e Sporting mas não só mostram quão próximo podemos estar acontecimentos ainda mais graves.
Há algum tempo a imprensa referia (desejava) que os clubes, leia-se as suas direcções, pudessem tomar medidas face ao comportamento de alguns, muitos, energúmenos que fazem parte das suas claques.
É no mínimo ingénuo acreditar nisto. As direcções e os seus empregados e porta-vozes, os seus discursos, comportamentos e decisões são também parte substantiva do problema, não podem ser parte da decisão.
A mediocridade da generalidade dos dirigentes produz discursos e comportamento que inflamam muitos dos apoiantes, apoiam e organizam as suas actividades. Servem-se deles para os jogos de poder e devem-lhes isso.
É um mundo em que não existem santos e pecadores. Talvez a bola seja o elemento mais são deste universo apesar de tantas vezes também ser maltratada.
Já dificilmente me mobilizo para ir a um estádio, não consigo assistir aos milhentos programas televisivos onde opinadores avençados, salvo algumas raras excepções, vão papagueando agendas encomendadas e se envolvem em obscenas trocas de agressões e boçalidades que são mais um alimento para o clima instalado de ódio, hostilidade e agressividade.
O problema é que não consigo não continuar fascinado com esse jogo estranho chamado futebol. Por isso me inquieta tudo isto. Não dêem cabo do futebol.

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