AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

DIA DE GREVE

Realiza-se hoje a greve de professores convocada pelas maiores estruturas representativas da classe numa coincidência que nem sempre se verifica. Não são ainda conhecidos os dados da adesão mas os indicadores sugerem números significativos.
Não me pronuncio sobre a bondade ou justificação dos protestos no plano estritamente profissional dos professores, mas como ainda ontem escrevi entendo que muitas das matérias que estão em causa também nos dizem respeito na medida em que algumas das medidas de política que os envolvem também têm consequências na qualidade do seu trabalho, na qualidade da escola pública e, portanto, no bem-estar e futuro dos alunos.
Também não esqueço a sempre presente componente de luta partidária e como o universo da educação é um palco privilegiado desta luta.
Não estranho evidentemente os discursos que procuram sobrevalorizar os efeitos e a instabilidade que a greve implicará para famílias e alunos.
Como já escrevi noutras ocasiões, estou convicto de que a generalidade dos professores não quereria sentir motivos para realizar a greve com os constrangimentos que dela poderão resultar até para si próprios. O que tenho alguma dificuldade em perceber é como pode uma greve de professores não ter impacto nos alunos. Provavelmente só mesmo realizada nas férias o que parece uma hipótese remota. O recurso à greve assenta, justamente no impacto que ela tem, não há volta a dar.
No que se refere à instabilidade e considerando experiências anteriores os discursos produzidos por parte da tutela, por umas razões, por parte dos representantes dos professores e dos próprios professores (nem sempre coincidem), por outras razões e ainda pelos pais ou seus representantes, ainda por outro conjunto de razões, ou os discursos de “opinadores” ignorantes e com agenda própria, talvez sejam mais susceptíveis de criar instabilidade nos alunos do que um dia de greve.
O que parece menos positivo é o constante discurso de diabolização dos professores que também recebe um fortíssimo contributo por parte de algumas afirmações dos que os representam e que degradam, enfraquecem, a imagem social dos docentes com reflexos sérios e negativos na relação que a comunidade estabelece com eles.
Entregamos todos os dias os nossos filhos e netos nas mãos de uma classe que para cumprir o seu enorme e insubstituível papel na construção do futuro, precisa, para além da competência, de ter a confiança da comunidade.
Assim nós, todos, façamos a nossa parte.

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