AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 14 de novembro de 2017

A HISTÓRIA DAS PALAVRAS QUENTES

Estava o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala com os livros, de animada conversa com um livro bom conversador, quando entrou a Professora Paula para entregar uns materiais que tinha requisitado para umas aulas.
Então Paula, correu bem o trabalho?
Muito bem Velho, os miúdos aderiram, trabalharam, aprenderam e acho que se divertiram, os materiais eram interessantes.
A professora deles também ajudou comentou o Professor Velho, rindo-se.
Fazemos o que podemos Velho, mas o Fábio continua a preocupar-me. Sabes quem é?
Sim conheço o Fábio, desde que ele entrou para a nossa escola. Mas que te preocupa nele?
Foi o que menos participou no trabalho, fez o mínimo possível. Sempre distante, nunca se envolvendo com os outros. Há já algum tempo que ele anda assim e depois, nem sei bem como descrever, tem um olhar frio, sem expressão. Até parece que ele próprio está frio. Quando o olhamos e ele devolve aquele olhar tão frio, acho que até eu gelo.
Tens tentado falar com ele?
Não consigo Velho, procuro ajudá-lo nos trabalhos na sala mas acho que ele não está muito disponível.
Falaste com palavras quentes?
Palavras quentes?! Não entendo Velho.
Estou a falar de palavras que aquecem quando são ditas a alguém, "gosto de ti", "estou preocupada contigo", "gosto de conversar contigo" e outras assim. Talvez o Fábio tenha o coração com gelo, não sabemos como se formou mas podemos tentar derretê-lo um pouco para depois compreender.
Velho, tu és estranho. Gosto de ti.

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