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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

A PROVA DE OBSTÁCULOS. DE NOVO

O JN tem uma peça sobre os obstáculos diariamente enfrentados pelas pessoas com deficiência com mobilidade reduzida. Acompanhou o quotidiano de uma pessoa com deficiência visual e de outra que se desloca em cadeira de rodas.
Trata-se apenas mais um exemplo, agora com cobertura mediática, da prova de obstáculos diária que a esmagadora maioria das pessoas com mobilidade reduzida enfrentam e que é sempre oportuno sublinhar.
Recordo que terminou em 8 de Fevereiro deste ano o prazo de 10 anos para que fosse cumprida a legislação que tornasse os espaços, equipamentos e vias públicas acessíveis a cidadãos com deficiência.
Conforme assinalam o Observatório para a Deficiência e Direitos Humanos e a Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes são múltiplas e significativas as dificuldades enfrentadas diariamente por pessoas com mobilidade reduzida e de deslocação no acesso a vias, espaços e equipamentos públicos. É certo que muito foi feito mas muito mais está por cumprir.
São regularmente organizadas iniciativas que que procuram alertar a comunidade as entidades responsáveis para esse conjunto de dificuldades mas o impacto é baixo e lento. Os problemas das minorias são, evidentemente, problemas minoritários.
A questão afecta muitos cidadãos e envolve áreas como vias, transportes, espaços edifícios, mobiliário urbano e, sublinhe-se, a atitude e comportamento de muitos de nós.
Boa parte dos nossos espaços urbanos não são amigáveis para os cidadãos com necessidades especiais mesmo em áreas com requalificação recente. Estando atentos identificam-se inúmeros obstáculos.
Quantas passadeiras para peões têm os lancis dos passeios rampeados ou rebaixados ajustados à circulação de pessoas com mobilidade reduzida que recorrem a cadeira de rodas?
Quantas passadeiras possuem sinalização amigável para pessoas com deficiência visual?
Quantos obstáculos criados por mobiliário urbano desadequado?
Quantas dificuldades no acesso às estações e meios de transporte público?
Quantas caixas Multibanco são acessíveis a pessoas com cadeira de rodas?
Quantos passeios estão ocupados pelos nossos carrinhos, com mobiliário urbano erradamente colocado, degradados, criando dificuldades enormes a toda a gente e em particular a pessoas com mobilidade reduzida e inúmeros obstáculos?
Quantos programas televisivos ou serviços públicos disponibilizam Língua Gestual Portuguesa tornando-os acessíveis à população surda?
Quantos Centros de Saúde ou outros espaços da Administração central ou local criam problemas de acessibilidade?
Quantos espaços de lazer ou de cultura mantêm barreiras arquitectónicas?
Quantos …?
Na verdade, apesar do muito que já caminhámos, as crianças, jovens e adultos com necessidades especiais, bem como as suas famílias e técnicos sabem, sentem, que a sua vida é uma árdua e espinhosa prova de obstáculos muitos deles inultrapassáveis.
Lamentavelmente, boa parte dessas dificuldades decorre do que as comunidades e as suas lideranças, políticas por exemplo, entendem ser a geometria variável dos direitos, do bem comum e do bem-estar das pessoas, de todas as pessoas.

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