AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

LADO A, LADO B

Mesmo para um cidadão razoavelmente informado e com uma qualificação acima da média, falo de mim, torna-se difícil compreender o grau de desenvolvimento e conhecimento que sustentam muitos dos grandes feitos científicos actuais. Um exemplo recente foi o da sonda Cassini lançada em 1997 em direcção a Saturno de onde após chegar em 2004 enviou para a Terra uma quantidade extraordinária de dados que demorarão anos a estudar. Terminou a sua missão há alguns dias. 
No mesmo sentido, para um cidadão razoavelmente informado e com uma qualificação acima da média, falo de mim, torna-se difícil compreender que seja a mesma humanidade, com o mesmo grau de conhecimento e desenvolvimento, a constatar sem grandes sobressaltos que segundo um Relatório da Organização Internacional do Trabalho e da Fundação Walk Free existirão perto de 25 milhões de pessoas em regime que se pode considerar de escravatura laboral e 15,4 milhões forçadas a casar contra vontade. Do total, cerca de 10 milhões serão crianças. As duas entidades ainda entendem que os números pecarão por defeito por ausência de dados relativos a Estados árabes e às regiões das Américas.
São apenas mais dois exemplos do que costumo designar por lado e lado B dos nossos dias.
O problema é que as histórias dos humanos, com lado A e com lado B são, com demasiada frequência, histórias pouco edificantes para uma espécie “superior”.

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