Na página da DGE já está disponível
informação sobre as Aprendizagens Essenciais a promover nos alunos das escolas que
integram o Projecto de Autonomia e Flexibilidade Curricular.
As AE serão desenvolvidas nas turmas
de 1.º, 5.º, 7.º, 10º ano, e de 1º ano de formação de cursos organizados em ciclos de
formação.
As AE constituem a "orientação
curricular base na planificação, realização e avaliação do ensino e da
aprendizagem que promovam o desenvolvimento das competências inscritas no
Perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória" também já aprovado.
As AE são definidas para cada ano
e área disciplinar/disciplina estabelecendo os conhecimentos, as capacidades e
atitudes a desenvolver por todos os alunos.
Ainda falta imenso tempo, mais de um mês, para o início das aulas mas registe-se que apenas se
conhecem as AE para algumas áreas disciplinares/disciplinas, por exemplo, as AE para Português
do 1º e 5º ano ainda não se encontram na página da DGE. Não sendo especialista
em matéria de currículo aguardo as apreciações de professores e investigadores
aos conteúdos que já se conhecem.
Por outro lado, também não são ainda
conhecidas as cerca de 140 escolas que desenvolverão o Projecto de Autonomia e
Flexibilidade Curricular.
As restantes escolas continuam a
trabalhar com os planos curriculares em vigor que em termos de concepção
parecem algo diferentes do modelo subjacente ao Projecto de Autonomia e
Flexibilidade Curricular.
Como já referi entendo ajustado
um período experimental nos processos de mudança em educação. Esse período experimental
deve ser bem estruturado, planeado ao nível da formação, das práticas, dos
recursos e dos dispositivos de monitorização e avaliação.
No entanto, num número tão elevado
de escolas parece difícil com tão pouco tempo de preparação promover uma
experimentação adequada, monitorizada e capaz de produzir orientações de
generalização. Temo que este processo de “experimentação” seja mais a primeira
fase de generalização assumindo que o que agora se “experimenta” será o que se
segue apenas perdendo a designação experimental.
A história recente mostra que as
dezenas de alterações que em matéria de currículo se foram produzindo sempre
aconteceram sem que se assegurasse a avaliação séria do que está em vigor e
qual o sentido da mudança. A experiência mostra ainda que as sucessivas
alterações foram produzidas sem que se procurasse, não digo um consenso pois
sei que em educação e em Portugal é quase impossível face a agendas e
corporações de interesses, mas o envolvimento e participação dos diferentes
actores intervenientes nos processos educativos na construção das alterações.
Finalmente, mostra ainda que os
calendários e a metodologia das mudanças raramente permitiram que se
processassem sem sobressaltos e com um mínimo de estabilidade.
A visão de currículo parece-me
caminhar num sentido diferente para melhor, não porque seja nova, continuo a
achar excessiva tanta referência a inovação que de inovação tem pouco, mas
porque tenderá a minimizar o impacto negativo de um currículo demasiado
extenso, prescritivo, normativo e pouco amigável para a diversidade entre os
alunos pois “normaliza” em excesso.
No entanto creio que seria
desejável alguma prudência. Não me parece que as comunidades educativas tenham
a informação suficiente para que se entenda, discordando ou concordando, a
natureza e alcance das mudanças. Ainda não estabilizou a definição do Perfil do
Aluno no final da escolaridade obrigatória.
Apesar de se afirmar que a
coexistência de dois “modelos curriculares”, por assim dizer, não terá impacto
na avaliação externa tenho alguma curiosidade de ver como se processará nas
provas de aferição mas, sobretudo, quando envolver o 9º com exames nacionais.
Tenho também algumas dúvidas
sobre como será gerido o tempo dos docentes dada a sua “arrumação” por grupos
disciplinares e a forma como está organizada a sua carreira e formação?
Com que efectivo de turma iremos
trabalhar em “projecto”? O efectivo de turma tem impacto comprovado no nível de
diferenciação das práticas pedagógicas, no clima de aprendizagem ou na
acomodação da diversidade dos alunos.
Neste contexto preferia que tivéssemos
mais algum tempo de construção da mudança antes de a operarmos mesmo que em
regime experimental e em escala mais pequena.
Existindo dúvidas produz-se ruído
para além do que sempre emerge do contrismo ou do imobilismo que sendo
habitual, não é positivo. Não seria desejável que possamos correr o risco de,
mais uma vez, de perder uma oportunidade e esperar que novo ciclo eleitoral
traga nova(s) mudança no(s) currículo(s).
Estou, no entanto, a torcer para
que tudo corra o melhor possível. Já vai sendo tempo e já merecemos, sobretudo
os alunos e professores.
Boa noite, professor!
ResponderEliminarObrigada, por nos oferecer estas reflexões, mesmo em período de férias :-)
Concordo com o professor, quando diz que é necessário amadurecer as ideias....mas parece que a mudança está a tornar-se, uma constante no nosso país! É tanto o que se perde nestes processos, que merecíamos (professores, pais e alunos) mais atenção, antes de se lançarem as novidades. Espero que este novo ciclo resulte, para o bem de todos.
Cumprimentos
Vamos ser optimistas, a mudança era necessária e vamos ver como corre, boas férias
ResponderEliminarConcordo com cada palavra.
ResponderEliminarHá um mês, tentei expressar as mesmas preocupações numa linguagem mais aligeirada, mais acessível a qualquer nível cultural- pensei eu.
Se teve algum efeito, não me foi perceptível.
Um abraço fraterno ao 'avô terno' com votos de excelente Agosto.
http://www.comregras.com/as-orientacoes-desorientam/
Obrigado, também para si. Vamos ver como evolui a mudança
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