AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 22 de junho de 2017

UMA GREVE ASSIM TIPO ... SEI LÁ

Ontem realizou-se uma greve de professores decidida pelas duas mais representativas forças sindicais da classe, a FENPROF e a FNE.
A greve foi decidida para um dia em que se realizavam exames nacionais do secundário e uma prova de aferição do 2º ano.
Uma greve de professores desencadeia habitualmente discursos de natureza diferente, conforme os interesses, face à sua justificação e, sobretudo, relativamente ao seu impacto. Quando tal acontece em dias de exames a discussão agudiza-se.
No entanto, o Governo de Passos Coelho conseguiu incluir a realização de exames nacionais nos critérios para a determinação de serviços mínimos o que se reflecte fortemente no impacto da “jornada de luta”.
Como é habitual nestes cenários, greves em sectores tão importantes na vida das pessoas, logo no início do período de greve desencadeia-se uma “guerra de números”, ou seja, qual o nível de adesão dos profissionais envolvidos.
Durante o dia de ontem e na imprensa de hoje procurei alguma informação nesse sentido e, estranhamente, não encontrei. Terei procurado mal? Nas fontes erradas? Existirá algum embargo a esta informação?
Encontrei apenas referências a casos pontuais de escolas em que se realizavam exames ou provas de aferição com a informação de que o processo estava a correr ou correu com normalidade e encontrei algumas referências, incluindo de estruturas sindicais, sobre o encerramento de “algumas escolas” onde não se realizavam exames e de resto, os exames e a prova, a decorrer com “normalidade”.
De tudo isto resulta o quê?
Uma greve será sempre uma decisão que resulta de um processo de negociação mal sucedido e deverá constituir uma prova de força, de motivação e empenho dos profissionais envolvidos relativamente aos objectivos definidos nas matérias em discussão. Assim sendo, a dinâmica e adesão conseguidas fortalecem ou enfraquecem essa capacidade de negociação.
Da forma que aparentemente decorreu a greve de ontem o que temos? O ME a poder afirmar que tudo, os exames e a prova de aferição, correu com normalidade. As famílias aliviadas porque tudo, os exames e aprova de aferição, correu com normalidade. Os alunos tranquilos porque tudo, os exames e a prova de aferição, correu com normalidade. E as estruturas sindicais terão desencadeado uma espécie de prova de vida e tentam ver um copo meio cheio num cenário em que apesar da greve tudo (quase) correu com normalidade.
E os professores? Que podem dizer os professores? Que ilações ou avanços retiram da greve?
Como muitas vezes afirmo, alguns dos problemas dos professores são também problemas nossos na medida em que se reflectem na qualidade do trabalho que realizam com os nossos filhos e netos. Deste ponto de vista o que também podemos concluir?
Este foi, de facto um processo estranho.
Socorrendo-me da linguagem dos mais novos … foi assim uma greve … tipo … sei lá.


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