Li mas achei que estava a perceber
mal. Reli e era mesmo. Segundo o JN o ME terá a intenção de atribuir a
professores com “horário zero”, uma indignidade num sistema educativo como o
nosso, e a professores colocados em mobilidade por doença os horários de
intervenção precoce junto de crianças com necessidades educativas especiais.
Não é possível.
Deixem-me recordar que de acordo
com o Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância esta intervenção é desenvolvida
por Equipas Locais de Intervenção constituídas por equipas pluridisciplinares envolvendo
vários profissionais, educadores de infância de Intervenção precoce,
enfermeiros, médicos, técnicos de serviço social, psicólogos terapeutas, etc.
Estes profissionais têm como
funções, identificar as crianças e famílias imediatamente elegíveis para o Serviço
Nacional de Intervenção Precoce na Infância, assegurar a vigilância às crianças
e famílias que, embora não imediatamente elegíveis, requeiram avaliação
periódica, devido à natureza dos seus factores de risco e probabilidade de
evolução, encaminhar crianças e famílias não elegíveis, mas carenciadas de
apoio social, elaborar e executar o Plano Individual de Intervenção Precoce em
função do diagnóstico da situação, identificar necessidades e recursos das
comunidades da sua área de intervenção, dinamizando redes formais e informais
de apoio social, articular, sempre que se justifique, com as Comissões de Protecção
de Crianças e Jovens, com os núcleos da saúde de crianças e jovens em risco ou
outras entidades com actividade na área da protecção infantil, assegurar, para
cada criança, processos de transição adequados para outros programas, serviços
ou contextos educativos, articular com os docentes das creches e
jardins-de-infância em que se encontrem colocadas as crianças integradas em
IPI.
Como é que é possível que se
admita que professores de qualquer grau de ensino e sem formação específica ou
professores em situação de doença comprovado possam desempenhar este quadro de
funções?
Acresce que como para todas as
crianças, a qualidade dos serviços e cuidados educativos nos primeiros anos de
vida é um aspecto crítico para o desenvolvimento bem-estar das crianças com
necessidades educativas especiais.
Não posso aceitar que o ME, apesar
de toda a experiência e conhecimento acumulados entenda que para trabalhar em
intervenção precoce com crianças com problemáticas muitas vezes severas e com idades maioritariamente compreendidas entre os 0 e os 6 anos qualquer formação serve. Este entendimento vai ao arrepio das práticas e
orientações nessa matéria. Aliás, existem múltiplas formações de nível
diferenciado nesta área, incluindo doutoramentos que não podem agora ser
consideradas como indiferentes.
Desejo muito que tudo isto não
passe de um equívoco, de um mal-entendido, seria demasiado grave se assim não
for.
PS - Quando há algumas horas escrevi este texto pareceu-me desnecessário referir que nada do seu conteúdo tem a ver com os professores em "horário zero", uma indignidade como escrevi no texto e, muito menos, com a protecção devida a docentes com condições de saúde fragilizadas. Tem apenas a ver com o direito de crianças e famílias à qualidade dos serviços e à ideia inquietante e contra tudo o que está definido de a formação para uma função, uma exigência de qualidade, é irrelevante. Fica a referência.
PS 2 - Segundo o JN, a Secretária de Estado-Adjunta da Educação afirmou ao final do dia que o ME assumiu "um enorme e lamentável equívoco". No entanto, o que li não me pareceu completamente claro pois entendo, veremos se mal, que continua aberta a possibilidade de alguns horários no âmbito do Serviço Nacional de Intervenção Precoce serem atribuídos a docentes com "horário zero" e a docentes em mobilidade por doença, o que continuo a considerar um erro tremendo.
PS - Quando há algumas horas escrevi este texto pareceu-me desnecessário referir que nada do seu conteúdo tem a ver com os professores em "horário zero", uma indignidade como escrevi no texto e, muito menos, com a protecção devida a docentes com condições de saúde fragilizadas. Tem apenas a ver com o direito de crianças e famílias à qualidade dos serviços e à ideia inquietante e contra tudo o que está definido de a formação para uma função, uma exigência de qualidade, é irrelevante. Fica a referência.
PS 2 - Segundo o JN, a Secretária de Estado-Adjunta da Educação afirmou ao final do dia que o ME assumiu "um enorme e lamentável equívoco". No entanto, o que li não me pareceu completamente claro pois entendo, veremos se mal, que continua aberta a possibilidade de alguns horários no âmbito do Serviço Nacional de Intervenção Precoce serem atribuídos a docentes com "horário zero" e a docentes em mobilidade por doença, o que continuo a considerar um erro tremendo.
Vou rezar para que isto seja realmente um equívoco ... isto é uma injustiça para as crianças e suas famílias que mereciam o melhor que há e até há!... para os profissionais é completamente desorientador! Isto chama-se andar à deriva ... só nos resta apelar à sorte!
ResponderEliminarParece que afinal ... é só um "equivocozinho". Um desastre
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