AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 7 de junho de 2017

GREVE BOA, GREVE MÁ

Como não podia deixar de ser o anúncio de uma greve de professores subscrita pelas suas maiores associações sindicais para o mesmo dia e dia de exames nacionais está a causar alguma perturbação. Não é estranho evidentemente.
Acredito que não venha a realizar-se, caso aconteça, a definição de serviços mínimos atenuará os seus efeitos e os alunos terão alguma estabilidade para a realização dos exames.
No entanto … a luta continua.
Não me pronuncio sobre a bondade ou justificação dos protestos no plano estritamente profissional dos professores, mas também afirmo que alguns dos problemas que sentem são também problemas nossos na medida em algumas das medidas de política que os envolvem também têm consequências na qualidade do seu trabalho, na qualidade da escola pública e, portanto, no bem-estar e futuro dos alunos.
Também não esqueço a sempre presente componente de luta partidária e como o universo da educação é um palco privilegiado desta luta.
O que me parece de facto curioso é a proliferação de discursos sobre os efeitos da greve dos docentes, designadamente no que respeita a perturbações envolvendo os alunos e que são proferidos pelas mais diversas vozes e em diferentes tons.
Como já escrevi noutras ocasiões, creio que a maioria dos professores não quereria sentir motivos para realizar a greve com os constrangimentos que dela poderão resultar. O que tenho alguma dificuldade em perceber é como pode uma greve de professores não ter impacto nos alunos. Provavelmente só mesmo realizada nas férias o que parece uma hipótese remota. O recurso à greve assenta, justamente no impacto que ela tem, não há volta a dar.
No que se refere à instabilidade e considerando experiências anteriores os discursos produzidos por parte da tutela, por umas razões, por parte dos representantes dos professores e dos próprios professores (nem sempre coincidem), por outras razões e ainda pelos pais ou seus representantes, ainda por outro conjunto de razões, talvez sejam mais susceptíveis de criar instabilidade nos alunos. No entanto, acredito que quando for o tempo os alunos apresentar-se-ão nas provas apenas com a ansiedade que releva, naturalmente, de uma situação de avaliação.
Parece-me importante afirmar esta confiança nos alunos e nas suas competências e capacidades.
O que parece menos positivo é o constante discurso de diabolização dos professores que também recebe um fortíssimo contributo por parte de algumas afirmações dos que os representam e que degradam, enfraquecem, a imagem social dos docentes com reflexos sérios e negativos na relação que a comunidade estabelece com eles.
Entregamos todos os dias os nossos filhos nas mãos de uma classe que para cumprir o seu enorme e insubstituível papel na construção do futuro, precisa, para além da competência, de ter a confiança da comunidade.
Finalmente, repito, estou convicto que a esmagadora maioria dos alunos vai apresentar-se nas provas com a ansiedade que ajuda e não com a instabilidade que inibe. Assim nós, todos, façamos a nossa parte.

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