AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 26 de maio de 2017

O BEIJO DE VAGOS

O episódio relativo às duas alunas da escola de Vagos que se terão beijado no recinto da escola e em consequência foram repreendidas gerou uma enorme discussão, queixas, exigências, pedidos de esclarecimento e de investigação, etc. das mais variadas entidades.
Com o que vem na imprensa apenas fiquei com dúvidas. Vejamos.
A escola também repreende quando um aluno e uma aluna, um professor e uma professora, um ... e uma ... trocam beijos?
E estamos a falar de que beijos e de que alunas?
Quem e com que critério se decide o que é um beijo tolerável e um beijo intolerável pois admito que existem beijos que as mentes incomodadas tolerarão? Ou não?
No recinto da escola são aceitáveis todas as manifestações de afecto? Se não, qual o código de conduta na matéria, quais os limites? Dependem do comportamento? Dependem dos intervenientes? Dependem do espaço, (recreio, sala de aula, casa de banho, biblioteca, refeitório, etc.)? Dependem da avaliação de quem julga sendo, portanto, arbitrários?
Os pais e as suas associações têm algum entendimento conhecido do que devem ser os comportamentos dos seus filhos nesta área e qual a latitude que devem assumir dentro da escola ou tudo pode ser feito não importa onde.
Esta questão não é nova. Recordo que em 2016 o Colégio Militar na sequência de umas declarações de um seu responsável sobre homossexualidade e também por causa da admissão de raparigas instituiu um “Regulamento Interno-Guia do Aluno do Colégio Militar” em que se considera uma infracção disciplinar “muito grave” “a manifestação de afectos que possam comprometer os princípios inerentes a um ambiente pedagógico saudável”, estando na mesma categoria do roubo ou da posse ou consumo de droga.
O Público fez na altura um trabalho sobre isto ao qual dei uma pequena colaboração de que retomo umas notas finais.
Homofobia é inaceitável, é atentatória dos direitos e do bem-estar das pessoas. Ponto.
Nem todos os comportamentos são adequados a todos os contextos embora manifestações de afecto possam caber em todos os contextos. Ponto
Educação é também construir pessoas auto-reguladas e autodeterminadas capazes de decidirem autonomamente o seu comportamento e os limites a observar. Ponto,
Muito do que oiço e leio por estes dias é “ruído” e pouco potente no sentido da mudança. Ponto.

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