O espírito de Lloret soltou-se de
novo. Agora já não em Lloret mas algures numa outra praia mais para o sul de Espanha.
A malta jovem, os finalistas, na
sua migração anual para aquelas bandas voltou a manifestar-se conforme a ideia
que os lá leva, muita farra, muita adrenalina, muito álcool e … muita merda, é
claro.
Nada disto surpreende, é assim há
muitos anos, o meu filho fez parte dos primeiros grupos que em massa rumaram a Espanha durante a Páscoa e construíram o espírito de Lloret.
Não surpreende porque este “paradigma”
é alimentado pela oferta hoteleira e pelas agências de viagem, o espírito de Lloret
não é o espírito da visita de estudo, é negócio, puro e duro.
Para além dos incidentes com
consequências graves que se têm verificado, casos de balconing ou acidentes devido ao álcool, o que verdadeiramente me incomoda é algum discurso emergente
nestas ocasiões por parte de alguns pais.
Em vez de reflectirem sobre a
ligeireza com que aceitam o envolvimento dos seus filhos em algumas aventuras
desta natureza sem se asseguraremm das condições reais e da existência de alguma regulação durante a
estadia, discorrem sobre a “normalidade” destes comportamentos “próprios” da
idade.
Não caros pais, os comportamentos
que sabemos existirem podem ser frequentes mas não são “normais”.
Não caros pais, limites são bens
de primeira necessidade na formação dos vossos filhos.
Não caros pais, produzir um
discurso de “falsa cumplicidade” com os filhos e com os seus excessos é o pior
serviço que lhes podem prestar.
Não caros pais, não ajuda os
vossos filhos um discurso que alimenta a irresponsabilidade.
Não caros pais, desvalorizar o problema, eventualmente até por medo de o reconhecerem, não o torna mais pequeno.
Por outro lado e por estranho que vos possa parecer depois do que escrevi, cuidado com alguns outros discursos que crucificam os pais.
Por outro lado e por estranho que vos possa parecer depois do que escrevi, cuidado com alguns outros discursos que crucificam os pais.
Estas cenas não acontecem só com
os filhos dos outros. Um contexto de estadia em grupo, num espaço fora do
habitual, sem supervisão, com uma oferta agressiva e sempre presente de álcool é capaz de
fazer mossa mesmo nos miúdos mais auto-regulados e bem-educados.
Claro que depois virão dizer, “não é por ser meu filho mas porta-se sempre lindamente, foi das companhias”.
Talvez todos nós, enquanto
comunidade educativa possamos fazer um pouco mais relativamente a isto.
Subscrevo na íntegra.... parabéns!
ResponderEliminarUma análise muito equilibrada com a qual concordo na íntegra e subscrevo.
ResponderEliminarMais palavras para quê? Está tudo dito...
ResponderEliminarMaria Machado
Sem dúvida! Reforço cada palavra e assino por baixo!
ResponderEliminarCorretissimo!
ResponderEliminarNada a acrescentar. Parabéns.
ResponderEliminarEstranho é a própria empresa que tratou das reservas dizer que não foi bem assim, que quando quiseram tirar fotos do que aconteceu não deixaram, não deixaram escrever no livro de reclamações, não acham tudo um pouco sinistro? E porquê atirar pedras aos pais e até aos alunos sem saber o que de facto aconteceu!??? Deixem-se de demagogias
ResponderEliminarIndependentemente do que realmente aconteceu, não podemos como país desculpa biliar os filhos pelos excessos cometidos!!!
EliminarDesculpabilizar
EliminarSó uma correção: Loret de Mar não é bem Sul de Espanha. A cerca de 100 kms de França, eu diria que é norte 😉
ResponderEliminarEssa coisa de " a culpa é das companhias".se a criança anda com mas companhia provavelmente ele é a ma companhia das tais mas companhias e, se anda com mas companhias e porque se indicia com elas e é tão má companhia quanto as companhiad
ResponderEliminarConcordo plenamente com o conteúdo, uma vez que se encontra direcionado para alguns pais, talvez com menos formação moral, vieram a terreiro defender os meninos.
ResponderEliminarEu não defendo os miúdos, embora compreenda que a juventude, face à oferta desregulada acabe também sem regras e princípios.
Mas o cerne da questão, neste caso específico está no oportunismo escabroso por parte do diretor do hotel de Espanha. A ver vamos os resultados destes inquéritos. Mas como dizia a minha avó, "de Espanha nem bom vento, nem bom casamento"!
Talvez com menos formação moral?! Provavelmente esses "alguns" pais sao os que tiveram a melhor formação moral e o problema disso nos dias de hoje é que esses pais nunca vão admitir que erraram na "formação" que deram aos seus filhos pois faz parte da cultura existente no nosso pais em que as pessoas melhor moralmente formadas nunca erram... E raramente tem duvidas!
EliminarConcordo plenamente com o conteúdo, uma vez que se encontra direcionado para alguns pais, talvez com menos formação moral, vieram a terreiro defender os meninos.
ResponderEliminarEu não defendo os miúdos, embora compreenda que a juventude, face à oferta desregulada acabe também sem regras e princípios.
Mas o cerne da questão, neste caso específico está no oportunismo escabroso por parte do diretor do hotel de Espanha. A ver vamos os resultados destes inquéritos. Mas como dizia a minha avó, "de Espanha nem bom vento, nem bom casamento"!
Antes do espírito Lloret houve o espírito Algarve e eu fiz parte desse espírito e não me lembro das coisas serem levadas a esses extremos e já havia muita coisa, nada do que estes jovens procuram foi inventado pra eles, a festa o álcool e as drogas, estavam todas lá, quem queria queria e quem não queria não queria mas, a festa fazia-se na mesma. A diferença era o sentido de responsabilidade e respeito que em muitos momentos se perdeu hoje em dia....Quanto ao caso em si, ainda temos que esperar mais esclarecimentos, apesar de tudo o que se tem dito....
ResponderEliminarO que me deixa estupefacto é que apesar da recorrência destes factos ninguém toma medidas para as evitar, não a jusante mas a montante. A nível de escolas, agências de
ResponderEliminarviagens, comissões de pais, tantas formas para evitar que haja grande aglomeração de jovens no mesmo sítio. EXISTEM TANTOS DESTINOS!!!...
Até parece que há pais que encaram estas viagens de final de secundário como uma praxe que dá acesso à Universidade e que seu filhinho não pode prescindir.
VIVA!
Alguns nem finalistas são...
EliminarA anáfora retórica, de longe a insinuar aproximação à escrita de António Vieira, deveria corresponsabilizar a escola do seu impacto na aposta da educação para a cidadania, bem como a sociedade em geral, já que todos contribuem, hoje, mais que nunca, dadas as potencialidades da comunicação global, para a formação das gerações mais jovens.
ResponderEliminarÉ demasiado fácil, mas pouco criativo e reflexivo, atribuir aos progenitores a culpa de qualquer mal.
Quem educa são os pais, não a escola! Nós, pais somos os responsáveis por estes seres quando nascem. Somos nós que temos de dar educação cívica. A escola apenas tem de os formar intelectualmente.
EliminarCem por cento de acordo.
ResponderEliminarEnquanto ouvia na tv toda a gente a desculpabilizar com ataques de patriotismo a minha indignação crescia.
Até que o Miguel Sousa Tavares no seu comentário de segunda feira teve a coragem de pública e energicamente condenar filhos, país, agência e hotel. Suspirei de alívio!