AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 6 de março de 2017

MÃES PRECOCES, PROBLEMAS MADUROS

Ainda umas notas sobre questões da adolescência. 
Apesar da evidente melhoria devido iniciativas de natureza diversa ainda se regista em Portugal um elevado número gravidezes entre adolescentes. Dados de 2015 registam 2295 bebés de mães entre os 11 e os 19 anos sendo que em 2011 se registaram 3663 casos.
Sendo de registar a evidente melhoria é ainda um cenário a merecer reflexão quando tem estado na agenda a discussão pública do Referencial da Educação para a Saúde designadamente no que respeita à Educação para a Sexualidade.
Parece oportuno relembrar que segundo os especialistas a diminuição do número de partos de adolescentes decorre da prevenção. Embora nestas matérias, como em todas as que dizem respeito à vida das pessoas, se deva considerar o universo de valores em presença, bem diferentes, é fundamental não esquecer as consequências devastadoras e dramáticas que a maternidade adolescente pode implicar. Recordo que há algum tempo desencadeou-se alguma discussão pública sobre os conteúdos que em matéria de prevenção estão contidos no Referencial em que ficou claramente expressa a grande disparidade e diferenças de pontos de vista sobre a questão.
É reconhecido que a gravidez na adolescência, para além de razões acidentais surge para muitas adolescentes e jovens como "um projecto de vida na ausência de outros" e num quadro de insucesso educativo.
Sabemos, a experiência mostra, que uma adolescente pode revelar-se uma excelente mãe, tanto quanto uma mulher madura pode ser uma péssima mãe. Não podemos, nem devemos, promover avaliações prévias de competências maternais, a ética e a moral impedi-lo-iam, mas podemos combater discursos hipócritas sobre a educação em matéria de sexualidade e comportamentos de risco.
Estes discursos alimentam a manutenção de situações que promovem em adolescentes, muitas vezes sem projecto de vida, um caminho e uma experiência para a qual não estão preparadas nem desejam, e com o risco sério de implicar sofrimento para todas as pessoas envolvidas, a começar, obviamente por uma criança, que sem ser ouvida, pode entrar a sofrer neste mundo.

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