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sábado, 18 de fevereiro de 2017

OS RESULTADOS NOS TEIPs. A ESCOLA PODE FAZER A DIFERENÇA

Segundo dados da Direcção-geral de Educação, referidos num trabalho do DN, em 2015/2016 no 1º ciclo, 42.7% das escolas integradas em Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP) conseguiram taxas de retenção e desistência abaixo da média nacional, no 2º ciclo verificou-se 40.5%, no 3º ciclo, 38.7% e no secundário secundário fora das áreas de científico-humanísticas, 38% e nos cursos de científico-humanísticas de 32,7%.
São resultados positivos apesar do decréscimo ao longo dos anos de escolaridade o que também não é estranho. No entanto, verifica-se uma assimetria que merece atenção nos resultados por regiões. As escolas em TEPS no Norte e Centro apresentam resultados significativamente melhores que o resto do país enquanto nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve continuam bastante distantes quer das médias nacionais quer das restantes escolas TEIP.
Estes resultados, em termos globais, são interessantes. Apesar de muitas vezes dizer que todo o território educativo é um conjunto de TEIPs, ou seja, uns são Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, outros são Territórios Educativos com a Intervenção Possível, a escola pode fazer a diferença, contrariar o destino e permitir mobilidade social. Para isso, como dizia há algum tempo numa colaboração com o Expresso, sobretudo as que servem populações mais vulneráveis, não podem responder com os mesmos recursos e da mesma forma que as restantes. Têm de ter autonomia e recursos de diferente natureza.
Numa altura em que tantas vezes se questiona e responsabiliza a escola é bom saber, nós sabemos, que, apesar de tudo, a escola … ensina e educa.
Muitas vezes penso que nos falta um pouco a “cultura" de valorizar e divulgar o que corre bem. Embora se compreendam algumas razões estamos quase sempre mais direccionados para os muitos problemas e dificuldades sempre presentes no complexo universo da educação e neste sentido importa, de facto, perceber porque noutras regiões escolas que, em princípio recebem populações com características semelhantes, os resultados são bem diferentes. A escola pode fazer a diferença em diferentes sentidos.
Nesta perspectiva, apesar do peso das variáveis relativas aos alunos e contexto social, económico e cultural, o trabalho na e da escola e dos professores é um factor significativamente explicativo do sucesso dos alunos mais vulneráveis e capaz de contrariar ou minimizar o peso dessas variáveis.
Este trabalho da e na escola envolve dimensões como organização e funcionamento, clima, níveis de colaboração e cooperação, estilo e competência das lideranças, por exemplo e, definitivamente, o trabalho em sala de aula em que surge a diferença produzida pelo professor, pelos professores.
Quando abordo estas questões cito com frequência uma afirmação de 2000 do Council for Exceptional Children, "O factor individual mais contributivo para a qualidade da educação é a existência de um professor qualificado e empenhado".
No entanto a existência de professores qualificados e empenhados não depende só de variáveis individuais de cada docente, decorre também de um conjunto de políticas educativas que promovam a qualificação, a motivação e a valorização a diferentes níveis do trabalho dos professores.
E nesta matéria também temos muito trabalho para realizar.

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