AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O FABULOSO DESTINO DE JOSÉ MANUEL DURÃO BARROSO, O FACILITADOR

A minha convicção assenta no seguinte.
Em primeiro lugar  porque o lugar foi conquistado através de longo e exigente concurso público e transparente.
A José Manuel Durão Barroso valeu um currículo académico extenso, com obra e investigação publicada nas mais exigentes publicações científicas.
Ao seu vastíssimo currículo académico deve juntar-se também algumas décadas de experiência na banca e na área do investimento e gestão com um brilho e resultados reconhecidos pelas mais robustas praças financeiras mundiais.
No entanto, e apesar destas reconhecidas dimensões, José Manuel Durão Barroso demonstrando um elevado sentido de missão e espírito de sacrifício, ainda realizou uma brevíssima incursão pela actividade política com raro destaque e brilhantismo chegando merecidamente à presidência da Comissão Europeia. Aqui, com o empenho e competência de sempre bateu-se esforçadamente pela defesa dos interesses dos cidadãos europeus. Alguém se poderá esquecer da sua genial intervenção na histórica cimeira das Lajes?
É pois de saudar a justiça e o reconhecimento que representam a função que passará desempenhara ao que parece a troco da simbólica quantia de cinco milhões euros por ano.
E assim se cumpre o fabuloso destino de José Manuel Durão Barroso.
Acresce ainda que num mundo em constante mudança o mercado de trabalho é exigente e inovador e criativo, só os melhores dos melhores chegam ao topo das instituições. Este cenário é particularmente competitivo nessa nova, crucial e atractiva função, “facilitador”.
Aparentemente simples é, no entanto, bem complexo o trajecto de formação de um bom “facilitador”.
Deve começar bem cedo com uma carreira política construída de raiz, através do aparelhismo partidário e durante alguns anos de forma a deter uma boa carteira de contactos, de preferência de nível global, como agora se diz, e em seguida tornar-se consultor de grandes "players" em diversas áreas.
É dispensável ter qualquer tipo de conhecimento especializado nas múltiplas áreas que um bom "facilitado" acumula, basta gerir a agenda de contactos e mediar interesses, os interesses certos, claro. Dada a globalização e as dimensões é um trabalho hercúleo.
Durão Barroso, Paulo Portas, "Dr." Miguel Relvas, Jorge Coelho, Maria Luís Albuquerque, José Luís Arnaut, António Vitorino, Marques Mendes, Proença de Carvalho, etc., etc., são alguns exemplos de facilitadores que jogam na "champions", a liga dourada, o topo da carreira.
É verdade que depois existe um outro patamar em múltiplas figuras menores, mais ou menos conhecidas, que se movem promiscuamente entre funções públicas e privadas, tudo sempre dentro da lei e muitas vezes do lado de fora da ética e da seriedade.
Acredito que do inquérito venha a concluir-se que assim, e tal, talvez fosse melhor ter feito de outra maneira, não se encontra nada de ilegal, etc., e … até à próxima.

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