AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

FAMÍLIA, UM BEM DE PRIMEIRA NECESSIDADE

O Natal como se sabe é um tempo simbolicamente ligado à família.
Por coincidência, lê-se no JN com chamada a primeira página que o Tribunal de Família e Menores do Porto decidiu enviar manter em acolhimento institucional e enviar para adopção uma criança de três anos, abando nada pela mãe e a quem o pai querendo empenhadamente garantir os cuidados não tendo emprego e casa não está em condições de o assegurar, pediu que lhe concedessem mais seis meses para tentar assegura condições mas tal solicitação foi-lhe negada pelo Tribunal.
Não conheço pormenores pelo que as notas seguintes são elaboradas com alguma reserva.
Apesar da evolução que se tem constatado, continuamos com uma elevada quantidade de crianças institucionalizadas, muitas das quais sem projectos de vida viáveis pese o empenho dos técnicos e instituições. É também reconhecido que os processos de adopção são morosos e que muitas crianças não reunem condições que lhes facilitem a adopção.
Seria desejável que se conseguisse até ao limite promover a desinstitucionalização das crianças por múltiplas e bem diversificadas razões e minimizar até ao limite a sua institucionalização.
Recordo um estudo da Universidade do Minho mostrando que as crianças institucionalizadas revelam, sem surpresa, mais dificuldade em estabelecer laços afectivos sólidos com os seus cuidadores nas instituições. Esta dificuldade pode implicar alguns riscos no desenvolvimento dos miúdos e no seu comportamento.
A conclusão não questiona, evidentemente, a competência dos técnicos cuidadores das instituições, mas as próprias condições de vida institucional e aponta no sentido da adopção ou outros dispositivos como forma de minimizar estes riscos e facilitar os importantes processos de vinculação afectiva dos miúdos. Neste contexto acentua-se a importância da promoção da existência de mais famílias de acolhimento que respondam às situações que não são para adopção e promover processos de adopção mais ágeis. Existem contextos familiares que podem reverter situações negativas que justificam a retirada dos menores durante algum tempo e com apoio reconstruir uma relação familiar bem-sucedida.
Uma família que de facto o seja é um bem de primeira necessidade na vida de uma criança.
Termino com uma afirmação de um autor muito conhecido na área da educação e do desenvolvimento, Bronfenbrenner, "Para que se desenvolvam bem, todas as crianças precisam que alguém esteja louco por elas".
Aparentemente, a este pai não chega querer sê-lo, nada faz pensar que não seja competente para o ser, falta-lhe um emprego e uma casa.
A solução melhor será retirar-lhe a filha, mantê-la numa instituição e aguardar que chegue, se chegar, um processo de adopção?
Com que custos para a criança e para este pai?

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