AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

O MAL-ESTAR COMO SEMENTE

De acordo com um estudo da Fundação Bertelsmann, "Social Justice in the EU – Index Report 2016 Social Inclusion Monitor Europe" hoje divulgado e com dados de 2015, apesar de alguma recuperação económica, existem cerca 25,2 milhões de crianças e adolescentes, 26.9% da população, em risco de pobreza ou exclusão social nos 28 países da União Europeia.
Nos países do Sul a situação é mais grave, afecta um em cada três.
A estes dados acresce que 4.6 milhões de jovens entre os 15 e os 24 anos, 20.4%, estão sem emprego sendo a taxa superior nos países mais afectados pela crise. Temos também que 17,3% dos jovens da UE entre os 20 e os 24 anos não estudavam nem trabalhavam.
Duas referências finais, um em cada quatro cidadãos da EU, 118 milhões de pessoas, 23.7%, continua em risco de pobreza sendo que continua a aumentar este risco mesmo em pessoas com trabalho remunerado decorrente de abaixamento de salários, precariedade ou outras formas “atípicas” de emprego.
Estamos num tempo de perplexidade dúvida face ao crescimento de discursos populistas e demagógico, apelando à intolerância, ao xenofobismo e a valores de direita radical. A recente eleição de Trump, o que se tem vindo a passar na Europa do Norte, Central ou na América do Sul tal como o “Brexit” são exemplos deste caminho que nos deixa inquietos face ao futuro.
Acontece que provavelmente este caminho se alimenta no cenário descrito em cima.
Milhões de excluídos e pobres e de jovens sem presente e sem futuro são um alvo fácil para os discursos populistas radicais. As sementes de mal-estar que que estes milhões de pessoas desde criança são muito facilmente capitalizadas e mobilizadas.
Como tantas vezes tenho afirmado, a mediocridade da generalidade das lideranças e o que lhes permitimos fazer criaram a actual União (?!) Europeia onde, grosso modo, 25% da sua população mais nova e 18% da sua população mais velha é pobre ou corre risco de exclusão e pobreza.
É aqui que nasce o que nos assusta. É esta a batalha que não podemos perder.

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