AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O FUTURO NÃO MORA AQUI

Do relatório da Comissão Europeia, “Education and Training Monitor 2016”, hoje conhecido e que merece leitura atenta, releva que Portugal é um dos países europeus com mais alta taxa de emigração de entre cidadãos qualificados. No pico mais alto deste movimento, entre 2012 e 2014, partiram 40 000 portugueses altamente qualificados. No período de 2011 a 2014 a percentagem de cidadãos portugueses detentores de qualificação superior que se registaram noutros países foi de 63.1%. Acresce que 20% destes emigrantes não têm intenção de voltar antes de 6 a 10 anos e 43% afirmam que permanecerão fora mais de uma de uma década.
A emigração parece assim constituir-se como via quase exclusiva para aceder a um futuro onde caiba um projecto de vida positivo e viável.
Aliás, alguns inquéritos junto de estudantes universitários mostram como muitos admitem emigrar em busca de melhores condições de realização pessoal e profissional apesar de muitos afirmarem que pretendem voltar.
O cenário é inquietante, os jovens adquirem a sua formação superior em Portugal, reconhecidamente de boa qualidade na generalidade das áreas, com financiamento público e das famílias e são empurrados para outros países que beneficiarão a baixo custo destas pessoas altamente qualificadas oferecendo-lhes um projecto de vida que aqui não vislumbram.
Somos um país de emigrantes de há séculos pelo que este movimento de partida, só por si, não será de estranhar. No entanto, creio que é preocupante constatarmos que durante muitos anos a emigração se realizava na busca de melhores condições de vida, a agora a emigração realiza-se à procura da própria vida, muita gente, sobretudo jovens não tem condições de vida, tem nada e parte à procura, não de melhor, mas de qualquer coisa. Este vazio que aqui se sente é angustiante, sobretudo para quem está começar, se sente qualificado e com o desejo de construção de um projecto de vida viável e bem-sucedido.
De todo este cenário, resulta o retrato de um país pobre, envelhecido, onde poucos querem fazer nascer crianças, donde muitas pessoas, sobretudo jovens e em particular os mais preparados, partem, fogem, à procura de uma vida que aqui lhes parece inacessível.

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