Como o povo costuma dizer estamos
sempre a aprender. Fiquei hoje a saber que no calendário das consciências, o dia
21 de Novembro é o Dia Internacional da Saudação ou, noutra versão, o Dia do
Olá. Ao que parece o objectivo é a promoção da paz através do cumprimento. Bem
que precisamos mas não sei se será suficiente.
Ainda assim … Olá, boa tarde.
A este propósito acho que um dos
enunciados que a língua portuguesa tem e que me encantam, “dar a salvação”,
isto é, cumprimentar.
Desde miúdo que à minha avó ouvia
esta expressão e a recomendação de que sempre que se entra em algum lado ou se
passa por alguém, conhecido ou não, se deve dar a salvação. Este comportamento
perdeu-se quase completamente, ninguém se cumprimenta ao cruzar-se na rua,
excepto se for conhecido, naturalmente, e quando se entra num qualquer local,
um café, por exemplo, e se solta um bom dia, a maioria das pessoas não liga e
alguns olham-nos como alienígenas. Alias, tal estranheza verifica-se quase
sempre que se cumprimenta alguém desconhecido com que nos cruzamos, convido-vos
à experiência.
No Alentejo, como provavelmente
noutras paragens, ainda muita gente dá a salvação na rua e, acho lindíssimo, muitos
dos homens, sobretudo os mais velhos, ainda levam a mão ao chapéu ou à boina. E
também se mantém para muitas pessoas o hábito de um cumprimento global ao
entrar num espaço público.
Dirão que nada disto parece
relevante e, provavelmente, não o será. Mas cumprimentar alguém com que nos
cruzamos tem a enorme consequência de que esse alguém é olhado e interpelado,
deixou de ser transparente, tornou-se visível, vivo. Num mundo em que as
relações interpessoais são cada vez mais em suporte virtual e em que as pessoas
estão mais sós, mas com uma “rede social imensa”, não é questão de somenos.
Finalmente, esta ideia de poder
receber de alguém, ou poder oferecer a alguém a salvação é, no mínimo,
reconfortante. Mais do que nunca.
De novo, olá e boa tarde.
Olá e boa tarde é muito pouco. Os homens têm que olhar para o próximo com humanidade. A boa educação é insuficiente. -Olá senhor pobrezinho.O senhor está a mendigar na rua? O senhor tem fome? Não tem onde dormir? Olá e boa tarde.
ResponderEliminarFica consciência tranquila...
É como aqueles que dão esmola (palavra que devia desaparecer do dicionário) não para ajudar mas para se sentirem bem com eles próprios. Eu até dou esmola, dizem!...
Bosta para alguns dias mundiais disto ou daquilo.
VIVA!