O Professor David Justino,
presidente do Conselho Nacional de Educação, num cenário de natureza partidária
afirmou que a ideia de que “toda a despesa em educação é investimento” é “uma
treta” pois parte “dessa despesa é desperdício, é ineficiência“.
Estou absolutamente de acordo, desperdício e ineficiência não podem ser evidentemente “investimento” em educação. Algumas das opções no âmbito da imprescindível requalificação do Parque Escolar são um bom exemplo.
Também pela mesma ordem de
razões, defender “cortes na educação”, podemos chamar-lhes “desinvestimento“,
com a convicção de que o sistema educativo fica com melhor qualidade e mais
eficiente, argumento do Professor Nuno Crato, é “uma treta”.
Tomemos como exemplo a área da
chamada “educação especial” e o que se lê no Relatório do CNE, hoje divulgado e a apresentar na próxima semana.
Entre 2010 e 2015 as escolas
públicas, sublinho, as escolas públicas perderam perto de 70% dos técnicos que
trabalhavam com alunos com necessidades educativas especiais. Lê-se que “Apesar do número de alunos com NEE ter aumentado no ensino regular, o número de técnicos afetos à educação especial[..] tem vindo a diminuir significativamente todos os anos".
Os alunos com necessidades
educativas especiais, as suas famílias, os seus professores, não ficaram melhor
com este “desinvestimento”, com este corte na “despesa”.
O Professor David Justino falou
ainda da importância da qualidade dos professores, desde a formação inicial ao
seu recrutamento. Também subscrevo a sua preocupação.
Acho interessante, no entanto, a
afirmação de que, leio no Público, que haverá entre 10 a 15% de docentes que
nunca deveriam ter praticado a docência apesar de reconhecer, obviamente, que
não são todos iguais. Questiona mesmo a destruição provocada por um mau professor
numa carreira de 30 anos.
Estamos de acordo Professor David
Justino, há pais que nunca deveriam ser pais, há professores que nunca deveriam
ser professores, há psicólogos que nunca deveriam ser psicólogos, há decisores políticos
que nunca deveriam ser decisores políticos. Neste último caso e numa apreciação
sem fundamentação científica, estimo que sejam bem mais do que os 10 a 15%
referidos relativamente aos professores. Temos, pois, que apostar na sua formação e melhorar a forma de recrutamento para evitar o grau de destruição que a desqualificação possa produzir.
Eu sei que num espaço com
audiência partidária num país em que a educação, como várias outras matérias,
foi capturada pelos interesses da partidocracia, as afirmações produzidas têm
sempre alguma “elasticidade”, por assim dizer, mas ...
É como este espaço e, por isso,
aqui ficam estas notas.
O que os jornais não contam é que isto é uma reacção ao que o secretário de Estado João Costa disse há uma semana em Coimbra ao Ministro das Finanças. Aproveitando a presença de todo o PS, o SE disse ao Centeno que não olhasse para a educação como despesa, porque em educação não há despesa, só há investimento.
ResponderEliminarSim, mas continuo a insistir que é tão "treta" afirmar que "toda" a despesa é investimento como "todos" os cortes produzem melhoria tal como defendia o anterior Governo, em particular Nuno Crato, pode conferir declarações aqui no blogue.
ResponderEliminarHá muita despesa na Educação que eu considero desperdício e outros consideram útil e vence versa!!! O tão falado ensino especial,do que conheço, tem pouco de especial e muito menos de ensino!! Maioritariamente é um amontoado de papeis, copiados e adaptados ao nome da criança!! Serve também para as reuniões se tornarem infindáveis, só porque sim!! Mas há muito mais.... Por exemplo o Estado pagar a representantes de confissões religiosas para difundirem a sua doutrina e ainda por cima, atribuir-lhe lugares de quadro!!! Isto num Estado laico!!! Só dois exemplos de despesa\desperdicio.....
ResponderEliminarEstamos de acordo quanto aos níveis de burocracia e centralismo que promovem desperdício e quanto à questão da educação relisiosa já por diversas vezes aqui falei da questão. Fica um exemplo http://atentainquietude.blogspot.pt/2015/05/e-formacao-civica.html
ResponderEliminarDeduzo que o segundo anónimo seja defensor da institucionalização dos alunos e o seu consequente afastamento das escolas regulares afim de garantir o bom e correto funcionamento das reuniões, que só se tornam mais prolongadas devido aos assuntos referentes aos mesmos, certo?! Atualmente a designação correta é educação especial.
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