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sexta-feira, 1 de julho de 2016

OS NÓS E OS LAÇOS NA VIDA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Do relatório Caracterização Anualda Situação de Acolhimento de Crianças e Jovens – CASA, da responsabilidade do Ministério da Solidariedade e da Segurança Social relevam alguns indicadores que se referem sinteticamente.
Apesar de alguma melhoria o número de crianças e jovens institucionalizados é ainda elevado, 8600 em Outubro de 2015.
É particularmente significativo e preocupante o aumento do número de situações que envolvem problemas de comportamento, de saúde mental, de debilidade mental, de consumo de substâncias ou de alguma forma de deficiência física ou mental, cresceu 38%  neste último ano sendo que em 2014 já se tinha verificado um acréscimo de 10% relativamente a 2013.
Uma nota ainda, uma em cada criança ou jovem que estão institucionalizados já viveram algum tempo numa outra instituição havendo situações com frequência duas, três ou mais.
São dispensáveis comentários sobre os potenciais efeitos destas experiências de ruptura no desenvolvimento de crianças e jovens e que se traduzem, aliás, no número de casos problemáticos no âmbito do comportamento ou da saúde mental.
Boa parte destas crianças e jovens não tem qualquer espécie de segurança na construção de um projecto de vida positivo e viável, a escassez de recursos e apoios face às necessidades é mais um contributo negativo.
Uma pequena referência sobre o universo das crianças institucionalizadas. Há algum tempo um estudo realizado pela Universidade do Minho evidenciava a maior dificuldade que crianças institucionalizadas revelam em estabelecer laços afectivos sólidos com os seus cuidadores nas instituições. Esta dificuldade pode implicar alguns riscos no desenvolvimento dos miúdos e no seu comportamento. Estes riscos poderão estar ligados ao aumento dos problemas de saúde mental e comportamento.
A conclusão não questiona a competência dos técnicos cuidadores das instituições, mas as próprias condições de vida institucional e aponta no sentido da necessidade e urgência de encontrar alternativas à institucionalização, apesar das inúmeras dificuldades que sabemos existirem. Enquanto não, os apoios e os recursos adequados são imprescindíveis.
Neste universo, acresce a dificuldade enorme de algumas crianças em ser adoptadas devido a situações como doença, deficiência, existência de irmãos ou uma idade já elevada. Assim, muitas crianças estarão mesmo condenadas a não ter uma família.
Há que continuar a tentar desatar os nós da vida dos miúdos e a transformá-los em laços.

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