AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 26 de junho de 2016

SEXUALIDADE E DEFICIÊNCIA

No Público encontra-se um trabalho de leitura obrigatória centrado numa questão de que maioria de nós desconhece em absoluto, a esterilização forçada de pessoas com deficiência. Sendo esta questão de enorme complexidade está envolvida num universo mais alargado, a sexualidade das pessoas com deficiência.
É fundamental o conhecimento e a reflexão sobre estas matérias apesar, como disse, da sua enorme complexidade, que, aliás, as pessoas mais próximas dos problemas, pais, técnicos e as próprias pessoas, reconhecem.
É certo que para muitos de nós os problemas que afectam as minorias são … problemas minoritários pelo que não nos afectam. No entanto, como tantas vezes afirmo, os níveis de desenvolvimento de uma sociedade também se aferem pela forma como lida com os problemas de grupos sociais minoritários.
Assim, a reflexão e conhecimento mais alargado sobre estas questões são desde logo um contributo para combater um enorme equívoco instalado, sexualidade na deficiência não é a mesma coisa que deficiência na sexualidade.
A experiência e alguns estudos dizem-me que este equívoco está também presente em discursos e atitudes de famílias e técnicos para além da comunidade em geral.
É uma questão complexa, no caso das pessoas com deficiência cognitiva mais severa pode colocar-se a questão da autodeterminação e do risco de abuso, por exemplo, sendo muito contaminada pelos valores do indivíduos, dos técnicos e das famílias incluindo, naturalmente, as das pessoas com deficiência, quer relativos à sexualidade, quer relativos à vida e direitos das pessoas com deficiência. Aliás, com demasiada frequência parece esquecer-se que muitos dos problemas que as pessoas com deficiência e as suas famílias sentem, não são matérias de opção, são matéria de direitos.
É justamente neste quadro complexo que se situa a questão da esterilização forçada de pessoas com problemas mais severos e os desafios éticos e em matéria de direitos e autodeterminação que se levantam e para os quais as “soluções” não são fáceis de estabecer com algum consenso. 
Acresce ainda que em muitas circunstâncias é uma matéria da qual "se foge" pois subsistem as dúvidas sobre o que pensar, como agir ou atitudes a adoptar.
Neste contexto, o trabalho do Público é mais um importante contributo para reflectir e caminhar num sentido de protecção dos direitos das pessoas e do seu bem-estar em múltiplas circunstâncias.

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