Na próxima semana, no âmbito do
Projecto Fórum aQeduto, será apresentado no CNE o estudo ‘Público ou privado:
há um modelo perfeito?’ realizado pelo CNE e pela Fundação Manuel Francisco dos
Santos.
Não conheço o trabalho, não o
encontrei na página do CNE, não poderei participar no Fórum, mas fica uma
dúvida com base no que é divulgado no Público.
O estudo compara resultados do
Pisa 2012 obtidos por alunos das escolas públicas, dos estabelecimentos
privados com financiamento do estado e estabelecimentos privados sem financiamento.
Em síntese, os alunos dos
estabelecimentos privados sem financiamento obtêm resultados superiores aos dos
outros dois grupos e os alunos dos estabelecimentos com financiamento apresentam
resultados muito ligeiramente acima dos alunos das escolas públicas, diferença que, aliás, não me parece ser estatisticamente significativa.
Ao que parece, insisto que não li
o trabalho, o CNE conclui que, quanto aos estabelecimentos privados sem
financiamento os resultados melhores decorrem do facto de servirem uma “elite”
e verifica que existe uma “tendência
generalizada para que as escolas privadas com financiamento do Estado tenham
resultados acima dos da escola pública, apesar de operarem em meios sociais
similares”.
O estudo parece, assim, vir ao
encontro das teses de que o ensino privado financiado é melhor que o público mesmo
quando serve a mesma população. Esta conclusão vem mesmo na hora e será,
evidentemente, coincidência. Mas será que pode ser retirada esta conclusão? O Público deveria ser mais cauteloso no título que dá à notícia.
Na verdade, para além do significado estatístico da diferença, surge-me uma pequena
dúvida que só a leitura do estudo poderá esclarecer. Ou não.
O facto de um estabelecimento de
ensino privado receber alunos com diversidade nas características sociodemográficas
e constituir turmas financiadas não elimina que tenha outras turmas com alunos
de meios mais “favorecidos”, por assim dizer. Seria, portanto, interessante conhecer
a caracterização sociodemográfica de toda a população destes estabelecimentos
que nunca é pública contrariamente ao que acontece com as escolas públicas em
que esta informação é divulgada.
É esta a sina de boa parte dos
estudos, dizem tudo o que queremos que digam ou o que já sabemos. Aguardo a sua
divulgação.
O estudo encontra-se publicado aqui. http://www.aqeduto.pt/foruns-aqeduto/q7-estudo/
ResponderEliminarO título foi uma "liberdade de interpretação" por parte da jornalista, sendo que a diferença que separa público e privado é de 2 pontos em mil. (517 vs 519).