A educação inclusiva, sobretudo quando
envolve a alunos com necessidades educativas especiais, é uma matéria
permanentemente na agenda, por bons e maus motivos.
Nesta tarde de Domingo deixem-me
partilhar mais uma história de inclusão.
No cumprimento da escolaridade
obrigatória um aluno, o Mário de 17 anos, com necessidades educativas especiais
frequenta uma escola, naturalmente. Trata-se de um aluno com um quadro de
paralisia cerebral implicando dificuldades motoras mas completamente autónomo e
com dificuldades no cumprimento das aquisições escolares tal como estão
definidas para o ensino secundário.
O Mário é um jovem disponível e
motivado. Ultimamente revelou vontade de frequentar um ginásio mas a família
não tem meios para lhe assegurar um acompanhamento e não tem amigos com quem partilhar
a experiência pois o tempo que está na escola e as actividades que nela realiza
não lhe permitem estabelecer qualquer rede de amizade sólida.
Entretanto, o âmbito dos instrumentos
que organizam o trabalho a realizar com e pelo Mário é recomendado à família
que ele passe a frequentar uma instituição de educação especial.
A orientação não é aceite pela
família que desde criança sempre defendeu que o Mário deve estar onde estão os
seus colegas de idade, nos espaços frequentados por toda a gente.
Num excelente exemplo de
cooperação entre a escola e a família, a escola entende que não aceitando a
família a “sugestão” de que o Mário passe para uma instituição especializada
deveria ser a família a encontrar outra solução.
E a família procurou outra solução.
Actualmente, o Mário vai à escola umas horas num dia da semana e passa o
restante tempo num pequeno estabelecimento oficinal do pai onde interage com
clientes e trabalhadores e desenvolve algumas tarefas dentro das suas
competências e capacidades.
O Mário ainda está abrangido pela
escolaridade obrigatória e tudo isto acontece, naturalmente, em nome da
inclusão.
Perdoa-lhes Mário, não sabem o
que é.
A inclusão é muito difícil de ser alcançado quando são os próprios agentes educativos ( incluindo os professores de ee) que não a assimilam. A inclusão só poderá ser alcançada se modificarmos os agentes educativos até lá.....
ResponderEliminarInfelizmente o discurso do "eles (alunos com nee)estão bem é em instituições especiais..próprias" tem estado a aumentar com frequência nos últimos tempos, discurso realizado por profissionais dos vários quadrantes da educação especial (professores, técnicos, etc). E que tentam passar essa mensagem aos encarregados de educação, com a ilusão de melhor e maior acesso às terapias, atendimento de pessoal especializado,proporcionar um ambiente mais protegido e por último, a ilusão de que o aluno entrando numa instituição de educação especial, ao completar os 18 anos automaticamente transita para o centro de atividades ocupacionais da mesma instituição.
Justamente ... e sempre em nome da inclusão.
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