No projecto de Despacho Normativo
do ME relativo à Organização do Ano Lectivo está prevista a utilização de 4
horas semanais para a função Director de Turma o que representa um acréscimo
face à situação actual.
Creio que este aumento é positivo.
Desde há muito que entendo, como
muitas outras pessoas, que a função Direcção de Turma assume um papel central
no nosso sistema educativo, sendo, lamentavelmente, pouco cuidadas e promovidas
as condições para o seu desempenho com qualidade. Na verdade, a actividade do
DT, para usar a linguagem da escola, tem um conjunto dimensões de
extraordinária importância. Vejamos alguns aspectos, obviamente conhecidos, sem
preocupação de hierarquia.
O DT é o interlocutor dos pais e
encarregados de educação. Toda a comunicação e relação entre a família e a
escola, cuja relevância é dispensável acentuar, assentam no DT. A realização
das Reuniões de Pais e Encarregados de Educação, a comunicação regular entre
pais e escola são dispositivos da sua responsabilidade e a forma como a sua
função é desempenhada pode ser um fortíssimo contributo para o envolvimento
mais eficaz e positivo dos pais na vida escolar dos alunos.
O DT é um mediador entre os alunos
e a escola, ou seja, pode e deve ser um regulador da relação dos alunos com os
colegas, tentando perceber fragilidades ou dificuldades, com outros
professores, detectando questões ou aspectos que careçam de alguma atenção e
eventual intervenção.
O DT pode, no trabalho que
realiza com os alunos, providenciar informação, orientação, apoio, etc., para
as inúmeras dúvidas que nas diferentes idades se podem colocar. Informação
sobre o estudo e como estudar, informação sobre trajectos escolares face à
oferta educativa, promoção de competências sociais, analisando e discutindo
problemas do quotidiano escolar ou pessoal potenciando a formação pessoal dos
alunos, etc.
O DT tem um papel importante
também na promoção da articulação e coerência das intervenções educativas que
envolvem alunos com necessidades educativas especiais.
Apenas com estes exemplos, e não
passam disso, sempre entendi com alguma dificuldade que a escolha para DT não
fosse realizada fundamentalmente com critérios de perfil, motivação e
experiência dando azo a situações conhecidas de inadequação.
Por outro lado, também sempre
sinto uma enorme dificuldade em entender a carga burocrática e administrativa
que foi sendo colocada nos DTs inibindo a utilização do tempo para a função de
forma mais útil e adequada. É óbvio que o excesso de carga burocrática na
escola não é um exclusivo dos DTs.
Também estranho a pouca atenção,
relativa, à formação que em regra é disponibilizada dirigida à função DT. Julgo
que aspectos como gestão de conflitos, percepção de sinais de risco nos miúdos
e nos seus comportamentos, (estou apensar em alunos envolvidos em episódios de
bullyin, por exemplo) organização e gestão de reuniões de pais ou modelos e
técnicas de estudo, poderiam ser ferramentas úteis para o desempenho com mais
qualidade dessa função essencial.
Na verdade, quem conhece o
universo das escolas, reconhece a importância da função DT e todos conhecemos
professores que pelas suas qualidades pessoais e profissionais são muito bons
exemplos do que é ser um DT.
Mais tempo para o exercício desse
papel é positivo.
Continuo a constatar em agrupamentos da área de residência, que o papel, quanto a mim crucial do DT é frequentemente atribuída a professores "estreantes" nas escolas. Vêm de outras zonas do País e desconhecem os colegas e a realidade.Lamentavelmente isto acontece a 35 Km da capital.Com 2 ou 4 horas a sua função será um complemento de horário. Não quero ser pessimista, caro Professor.
ResponderEliminarPor questões como a que refere escrevi isto "sempre entendi com alguma dificuldade que a escolha para DT não fosse realizada fundamentalmente com critérios de perfil, motivação e experiência dando azo a situações conhecidas de inadequação." Que fazer?
ResponderEliminar